Sáb, 06 de Dezembro

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Alergia rara a sêmen é apontada como possível causa de infertilidade em mulher na Lituânia; entenda

Em consulta com um alergista, a paciente relatou que sentia congestão nasal, queimação e espirros após relações sexuais desprotegidas

Espermatozoides tentam fecundar um óvulo. Foto: Reprodução/Freepik Espermatozoides tentam fecundar um óvulo. Foto: Reprodução/Freepik  - Foto: Reprodução/Freepik

Uma mulher de 29 anos na Lituânia foi diagnosticada com uma alergia rara ao sêmen humano, condição que pode explicar suas dificuldades para engravidar após duas tentativas frustradas de fertilização in vitro. O caso, descrito em um relatório clínico, chama atenção para a relação entre reações alérgicas e infertilidade feminina.

De acordo com a publicação científica, a paciente e o parceiro já haviam tentado engravidar sem sucesso e passaram por duas rodadas de fertilização in vitro (FIV), ambas fracassadas. Exames ginecológicos anteriores não haviam encontrado causas claras para a infertilidade, e os médicos não informaram se testes de fertilidade foram realizados no homem.

No entanto, a mulher tinha histórico de asma e alergias a mofo, pelos de gato e poeira. Desconfiada de que essas condições poderiam influenciar sua capacidade de engravidar, ela procurou um centro médico especializado em alergias.

Os médicos detectaram níveis elevados de eosinófilos, células do sangue associadas a respostas alérgicas, e testes cutâneos confirmaram sensibilidade a vários alérgenos, incluindo proteínas encontradas na urina e na pele de cães. Essa mesma proteína tem similaridade com componentes do sêmen humano, o que levou os médicos a investigar uma possível ligação.

Em consulta com um alergista, a paciente relatou que sentia congestão nasal e espirros após relações sexuais desprotegidas, sintomas que, segundo ela, haviam sido ignorados por outros especialistas durante a busca por respostas sobre sua infertilidade.

Testes posteriores com o sêmen do parceiro confirmaram a suspeita: a mulher tinha alergia ao plasma seminal humano, ou seja, o fluido que transporta os espermatozoides. Ainda segundo o relatório, essa condição pode causar inflamações nos órgãos reprodutivos e, potencialmente, afetar a fertilidade.

Para pacientes com alergia ao sêmen, a estratégia mais comum é o uso de preservativos. Mas, como o casal queria engravidar, essa solução foi descartada. Os médicos recomendaram o uso de anti-histamínicos antes das relações sexuais para reduzir as reações alérgicas, mas a mulher considerou o método ineficaz.

Três anos depois, durante uma consulta de acompanhamento, ela relatou novos sintomas após o contato com o sêmen do parceiro, como sensação de queimação na região íntima, inchaço nas pálpebras e olhos lacrimejantes. Até o momento, ela ainda não conseguiu engravidar e não há outros tratamentos disponíveis no país.

Casos como o da paciente são extremamente raros. Segundo o relatório, apenas cerca de 80 casos de alergia ao plasma seminal humano foram documentados em todo o mundo. Os médicos ressaltaram que a condição é pouco estudada e ainda não está claro como ela impacta a gravidez, especialmente quando há outros fatores de saúde envolvidos.

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