Colonoscopia: como é o exame, quem deve fazer e o que ele pode indicar
Procedimento é recomendado a partir dos 45 anos para prevenir e identificar precocemente casos de câncer colorretal
A colonoscopia é um exame que consegue visualizar o interior do reto, do intestino grosso (cólon) e de algumas partes da porção final do intestino delgado. É importante para detectar problemas como pólipos, doenças inflamatórias e casos de câncer colorretal, também chamado de câncer de cólon ou de intestino. Além disso, o procedimento consegue prevenir tumores por remover lesões pré-malignas.
Como é feito o exame de colonoscopia?
A colonoscopia é feita com um colonoscópio – um aparelho flexível de espessura fina com iluminação e uma câmera na extremidade, que é inserido por meio do ânus. Para isso, o paciente geralmente é sedado, ou seja, dorme durante todo o procedimento. Pode ainda receber uma anestesia local para minimizar as chances de desconforto.
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Depois, o paciente é posicionado de lado, com os joelhos dobrados sobre o abdômen, e coberto para que tenha sua privacidade respeitada. O colonoscópio é então introduzido pelo ânus, e o médico o faz progredir cuidadosamente percorrendo todo o reto e o intestino grosso. É possível chegar com o colonoscópio até no máximo a porção final do intestino delgado, chamada íleo terminal.
Durante o exame, o profissional consegue visualizar as imagens feitas pelo aparelho em tempo real. Nesse trajeto, segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), o médico identifica alterações ou lesões na região. Em caso de pólipos, por exemplo, consegue removê-los sem a necessidade de uma cirurgia abdominal. O material pode ser encaminhado para a biópsia para descartar qualquer presença de malignidade (câncer).
O procedimento, que dura de 20 minutos a uma hora, dependendo da complexidade, também é importante para cauterizar sangramentos e identificar lesões que podem indicar um câncer colorretal. Complicações decorrentes da colonoscopia são raras no geral. Quando há alguma intervenção, como retirada de pólipos, pode causar uma hemorragia ou uma perfuração intestinal, porém é algo infrequente e cujos benefícios superam os riscos.
Quanto tempo para se recuperar de uma colonoscopia?
Na maioria dos casos, a liberação do paciente é realizada assim que o efeito da sedação passa, o que pode levar de minutos a uma hora. É preciso que o paciente esteja com um acompanhante no local, e não é recomendado que ele dirija ou trabalhe no dia do exame.
Como é a recuperação de uma colonoscopia?
Em casos em que a colonoscopia envolveu intervenções terapêuticas, como a retirada de pólipos, pode ser indicada uma dieta líquida no restante do dia, e a pessoa pode notar a presença de sangue misturado com as fezes durante as primeiras evacuações, o que é comum.
Porém, se houver perda excessiva de sangue nas evacuações seguintes, febre ou dores abdominais persistentes, o indivíduo deve buscar a emergência.
O que pode ser detectado no exame de colonoscopia?
De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, uma colonoscopia consegue detectar:
Câncer colorretal: o exame consegue observar tumores e realizar a biópsia do intestino;
Pólipos: são formações benignas que podem ser encontradas na colonoscopia. Algumas podem inclusive ser removidas durante o procedimento;
Doenças inflamatórias intestinais: queixas do intestino podem ser observadas no exame, como doença de Crohn e retocolite ulcerativa, por meio do espessamento da parede intestinal, por exemplo;
Infecções bacterianas: a colonoscopia também pode auxiliar no diagnóstico de infecções por bactérias como a H.pylori.
Quando se deve fazer uma colonoscopia?
Segundo a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED), há dois casos principais em que o médico pode orientar uma colonoscopia. O primeiro é para ajudar no esclarecimento de queixas que podem ser decorrentes de problemas no intestino ou no reto, como:
Diarreia excessiva;
Sangue nas fezes ou no ânus;
Dores abdominais;
Alterações no formato das fezes;
Alterações significativas no comportamento gastrointestinal.
O segundo cenário em que a colonoscopia é indicada é como um exame de rastreio para prevenir e diagnosticar precocemente casos de câncer colorretal. Isso porque os tumores malignos do intestino grosso são causados, na maioria das vezes, pela progressão de lesões benignas e pequenas, que podem ser removidas pela colonoscopia.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), as pessoas, mesmo sem sintomas ou histórico familiar da doença, devem fazer a primeira colonoscopia de rastreio aos 45 anos. Ainda que o resultado seja normal, o procedimento deve ser repetido a cada 10 anos. O câncer de intestino é um dos cinco com maior incidência no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Para aqueles que têm histórico de câncer na família, devido ao risco aumentado, a triagem deve começar mais cedo: aos 40 anos de idade ou 10 anos antes da idade em que o parente mais novo teve a doença. Por exemplo, se sua mãe recebeu um diagnóstico aos 45 anos, você deve realizar a primeira colonoscopia aos 35.
Como fazer a limpeza do intestino para colonoscopia?
Para se realizar a colonoscopia, é necessária uma preparação prévia que envolve a limpeza profunda do intestino. O objetivo, segundo a SBCP, é eliminar resíduos que possam prejudicar a visão do médico durante o exame.
Ela envolve uma dieta específica sem fibras e com o uso de medicações laxativas para acelerar a eliminação das fezes e o esvaziamento intestinal. O tempo necessário varia de pessoa para pessoa, mas geralmente começa de 2 a 3 dias antes do procedimento. Somente a equipe médica responsável pelo procedimento poderá fornecer as orientações exatas.
Fontes: Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP); Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED); Hospital Israelita Albert Einstein; Instituto Nacional do Câncer (Inca); Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC); Ministério da Saúde e A. C. Camargo Cancer Center.

