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RIO DE JANEIRO

Com 17 mandados de prisão, TH da Maré estava em casa fortificada e com 30 seguranças

Ele também tinha 227 anotações criminais

PMRJPMRJ - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segundo a Secretaria de Estado da Polícia Militar, a operação que resolveu na morte do chefe do tráfico de drogas da Maré, Thiago da Silva Folly, o TH, foi planejada ao longo de vários meses com base em informações da inteligência. Segundo a corporação, TH vinha sendo monitorando desde a morte de dois policiais do Bope, em junho do ano passado. Ele foi localizado em tempo real e a operação teve início por volta das 3h.

Os agentes chegaram a uma casa de dois andares usada como por TH, com fortificações construídas para segurança do chefe do tráfico. A residência havia sido tomada de moradores da comunidade e era usada para armazenar armas e refinar drogas, na localidade conhecida como Morro do Timbau.

Ainda de acordo com a PM, o imóvel não possuía fundos falsos, mas era estrategicamente preparado para resistir à entrada da polícia. O cerco culminou em intenso confronto. TH e dois de seus seguranças foram mortos. O Bope informou que mais de 30 criminosos faziam a segurança direta do traficante.

TH era procurado pela polícia desde 2014, quando o Exército ocupou a Maré. Na época, ele já era chefe da comunidade com 17 mandados de prisão abertos e 227 anotações criminais. Ele nunca foi preso.

O subsecretário de Inteligência da PM, Uirá Ferreira, explicou que TH começou como segurança do traficante, Marcelo santos das Dores, o Menor P, antigo chefe da facção, e assumiu o controle do tráfico local entre 2010 e 2013. Ele era responsável por coordenar roubos de carga e extorsões na região da Linha Amarela, onde o TCP atua com forte aparato bélico. Por conta disso, a Maré é considerada estratégica para o TCP e abriga lideranças da facção de outros estados, como Ceará, Bahia e Minas Gerais.

---- O TH tem uma importância local, mas a Maré é importante nacionalmente para a facção. A liderança da Maré tem um papel central dentro do TCP por abrigar outras lideranças foragidas -- afirmou o subsecretário ao explicar que a facção atua de forma fragmentada.

--- O CV tem uma hierarquia diferente do TCP. Desde a liderança, que é o Marcinho VP, que está preso até embaixo, na base. O TCP não, cada região tem sua liderança. Essas lideranças têm contato entre si e se dão apoio, tem suas tratativas, suas relações, seus comércios. E eles realmente se ajudam de forma mútua. Mas o TH só tem importância para a Maré. E a Maré tem uma importância para o TCP a nível nacional. Então, toda a liderança de outros estados da federação, elas ficam escondidos na Maré. Lideranças do Ceará, Minas Gerais, Bahia, eles ficam na Maré. A liderança do TCP da Maré tem uma importância a nível facção nacional. Essa é a diferença para as outras facções ---- explicou o Subsecretário de inteligência da Polícia Militar Uirá Ferreira.

A operação também fez parte de uma segunda fase de ações da PM, que busca, após neutralizar lideranças, garantir o controle territorial das comunidades. Desde a intervenção, a corporação realiza patrulhamento intensivo nas vias expressas e anunciou reforço permanente nos acessos 6, 7 e 8 da Linha Amarela, em parceria com a Lamsa e o Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), com ações também durante a madrugada.

O secretário de Segurança Pública afirmou que a facção tenta constantemente deslegitimar a atuação policial e responsabilizou os traficantes pelo fechamento de escolas e unidades de saúde na região.

--- A PM não fecha escola, não fecha hospital. Quem faz isso são os narcoterroristas.

Segundo informações repassadas pela Polícia Militar, não foi possível realizar uma perícia imediata no local onde Thiago da Silva Folly, o TH, foi morto durante a operação desta segunda-feira. As patrulhas envolvidas, então, removeram o corpo e formalizaram a comunicação à delegacia responsável, registrando fotograficamente a cena para posterior análise pelos investigadores.

De acordo com a subsecretário de Inteligência, sua morte deve abrir uma nova disputa interna dentro do TCP.

---- No crime organizado não existe vácuo. Já estamos acompanhando esse cenário com nossa inteligência, em articulação com outras corporações-- afirmou.

A liderança de TH na Maré era considerada estratégica para a facção. Ele era responsável por ações de extorsão, roubo de carga e outros crimes na Linha Amarela, corredor que atravessa comunidades.

Segundo a polícia, a relevância de TH para o TCP era comparável à de Peixão, outro nome importante da facção.

---- A Maré tem uma importância nacional para o TCP, não só pelo tamanho, mas pela complexidade do território e pelo poder de fogo ali concentrado. Lideranças do Ceará, Bahia e Minas Gerais se escondem naquela região”, explicou o subsecretário de Inteligência da PM, Uirá Ferreira.

Questionada sobre os efeitos da morte de TH na disputa por territórios dominados pela facção, como o Morro dos Macacos, a PM avaliou que a perda do traficante não impacta diretamente outras áreas. Isso porque o TCP tem uma estrutura descentralizada, funcionando como uma rede de “filiais”, com lideranças locais que se organizam de forma autônoma, embora com apoio mútuo.

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