Com presença de Margareth Dalcolmo, palestra no Recife aborda ciência, arte, abstração e razão
Encontro conta com presença da pneumologista e pesquisadora Margareth Dalcolmo
A sexta edição do encontro científico-cultural mensal da Academia Pernambucana de Medicina (APM) contou com a presença da pneumatologista e pesquisadora capixaba Margareth Dalcolmo. O encontro aconteceu na manhã desta quarta-feira (30), no auditório da Associação Médica de Pernambuco (AMPE), bairro da Boa Vista, centro do Recife.
Diversos médicos, professores e membros das associações participaram da reunião, que teve o tema “Medicina da Pessoa - Ciência, arte, abstração e razão”.
Além de Dalcolmo, a mesa foi composta pelo presidente da APM, Antonio Peregrino; a secretária geral, Helena Carneiro Leão; e Hildo Azevedo, que ocupa a cadeira 9 na APM e é membro honorário da Associação Nacional de Medicina (ANM). Também compareceram ao evento o jurista José Paulo Cavalcanti, membro da Academia Brasileira de Letras, e a esposa, a escritora e pesquisadora gastronômica Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti, integrante da Academia Pernambucana de Letras.
Durante discurso, Margareth relembrou das viagens que fez ao redor do mundo para adquirir experiências ao longo das décadas de carreira. Ela ganhou destaque nacional, em 2020, o ano da pandemia da Covid-19. A doutora se tornou uma das principais porta-vozes da ciência durante a crise sanitária que matou milhões de pessoas de todos os cantos da Terra. Ela participou de debates, entrevistas e transmissões, defendendo a medicina baseada em evidências e pela clareza na comunicação científica sobre o Sars-Cov-2.
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Antes de responder às perguntas do público, Margareth agradeceu pela recepção em Pernambuco, lugar onde ela admitiu “se sentir em casa”.
“Hoje, infelizmente a nossa grande preocupação é em relação a novas epidemias que vão acontecer. Eu estou tendo a honra de fazer parte do grupo nomeado pelo ministro [da Saúde] Alexandre Padilha para preparar o Brasil para novas epidemias. Então, vamos falar um pouco sobre essas circunstâncias do mundo e a nossa sensibilidade de médicos, além do privilégio de observar o que o homem é capaz de fazer, tanto para criar quanto para destruir, infelizmente”, frisou ela.
Segundo Dalcolmo, medicina e arte se cruzam porque se complementam. Ela citou o médico grego Hipócrates, considerado como “pai da medicina”.
“Medicina e arte se cruzam, desde o nascedouro da medicina, desde quando Hipócrates, na Ilha de Cós, criou os primeiros conceitos do que seria a semiologia médica. Ele o fez com arte. Ele dava aula para os alunos no mundo templo grego na ilha e sempre fez questão de associar os achados médicos semiológicos com alguma coisa que eles pudessem fazer um paralelo de comparação, de modo que a medicina e a arte são duas coisas que sempre caminharam e sempre vão caminhar juntas”, complementou.
Antonio Peregrino comemorou a vinda da especialista ao solo pernambucano para explanar o tema. Ele revelou, logo no início do encontro, que o órgão vai trabalhar para torná-la honorária.
“Doutora Margareth é muito conhecida por ter feito uma educação grande para a população com relação à covid-19. Uma pessoa de nome nacional e a Academia Pernambucana de Medicina tem muita honra em recebê-la nessa conferência de julho”, destacou.
Visitas
Durante visita ao Recife, a médica também conhecerá o Hospital Correia Picanço, na Tamarineira, Zona Norte do Recife. A unidade estadual é referência no tratamento da tuberculose — área a qual Margareth dedicou boa parte de trajetória dela.
O doutorado de Dalcolmo envolveu um importante ensaio clínico sobre tratamentos para a doença, e ela atuou em programas da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) voltados ao controle da tuberculose nas Américas.
Perfil
Doutora em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dalcolmo é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), membro titular da Academia Nacional de Medicina e condecorada com a Légion d'Honneur, a mais alta honraria concedida pelo governo francês. Desde 2014, integra também a equipe de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi a 10ª mulher eleita para a Academia Brasileira de Medicina.
Autora do livro “Um Tempo para Não Esquecer”, que reúne reflexões sobre a pandemia, Dalcolmo foi premiada com o Jabuti na categoria Ciência.

