Sáb, 13 de Dezembro

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Comportamento da BHP é roleta-russa com acionistas e traz riscos à Vale, diz advogado

A Vale não é ré no processo, mas tem acordo com a BHP para arcar com metade do prejuízo ligado à eventual condenação

Tragédia de Mariana lançou 13 mil piscinas olímpicas de lama tóxica na Bacia do Rio DoceTragédia de Mariana lançou 13 mil piscinas olímpicas de lama tóxica na Bacia do Rio Doce - Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O advogado Tom Goodhead, que representa municípios e vítimas contra a BHP em processo na justiça britânica sobre o acidente de Mariana, afirmou nesta quinta-feira, 13, que o comportamento protelatório da mineradora anglo-australiana no processo é uma espécie de roleta russa com seus acionistas e traz riscos diretos à Vale, sua sócia na Samarco, joint venture responsável pela barragem rompida.

A Vale não é ré no processo, mas tem acordo com a BHP para arcar com metade do prejuízo ligado à eventual condenação. Uma primeira decisão da justiça britânica é esperada para julho. A fase de alegações das partes terminou nesta quinta, em Londres.

"O valor que as vítimas estão reclamando na Inglaterra (R$ 260 bilhões) não foi definido em um pub de Londres, mas apontado por consultorias e pela FGV. É um valor bastante sério e consolidado Portanto, eles estão jogando uma roleta-russa com seus acionistas quando dizem que essa ação vai se estender até 2028 ou além disso", disse o advogado em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros.

"No caso da Vale, estão arriscando de fato uma falência. Porque a BHP é bem maior, mas a Vale teria problemas se (a BHP) insistir em alongar esse processo, por conta de juros e correções que estão contabilizando nesse tempo", continuou.

A BHP tem sugerido que qualquer pagamento só será realizado após 2028, o que é contestado por Goodhead.

O advogado afirma que, em caso de condenação, o que considera provável, vai pedir uma antecipação dos pagamentos, que parte de um mínimo de R$ 1,2 bilhão, mas pode chegar a montante equivalente a algo entre 50% e 75% da indenização final.

Vale 'pragmática'
Goodhead disse que as pessoas que estão no comando da Vale - no que citou, nominalmente, o presidente Gustavo Pimenta e o vice-presidente de Assuntos Corporativos e Institucionais, Alexandre D'Ambrosio - são "pragmáticos e querem fazer a coisa certa".

"A Vale não é uma companhia que está jogando roleta-russa com acionistas. A BHP joga outro jogo, porque não tem o mesmo interesse no Brasil que a Vale tem. Existem grandes e profundas diferenças entre as duas com relação ao interesse de longo prazo que têm no Brasil. O que a gente escuta é que a postura da Vale é mais pragmática e razoável do que a da BHP. Então fica a pergunta: eles estão mesmo alinhados nisso?", disse o advogado.
 

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