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Conflito na RDC deixa mais de 7 mil mortos desde janeiro, diz primeira-ministra

O grupo rebelde M23 tomou nas últimas semanas vastas áreas ricas em minerais no leste do país

 Conflito na RDC deixa mais de 7 mil mortos desde janeiro, diz primeira-ministra Judith Tuluka Conflito na RDC deixa mais de 7 mil mortos desde janeiro, diz primeira-ministra Judith Tuluka - Foto: wikipedia

O conflito na República Democrática do Congo matou mais de 7.000 pessoas desde janeiro, muitas delas civis, declarou nesta segunda-feira, a primeira-ministra congolesa, Judith Tuluka, em reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Suíça.

O grupo rebelde M23, apoiado por Ruanda, tomou nas últimas semanas vastas áreas ricas em minerais no leste da RDC, incluindo as cidades de Goma e Bukavu, capitais das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.

Esse avanço preocupa a comunidade internacional, que tem intensificado os apelos para que Ruanda cesse o apoio militar aos rebeldes do M23. Este país africano nega que suas tropas estejam implantadas na RDC.

- A situação de segurança no leste da RDC atingiu níveis alarmantes - declarou Judith Suminwa Tuluka perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, acrescentando que, desde janeiro, mais de 7.000 compatriotas morreram.

Questionada em uma coletiva de imprensa se as vítimas eram civis ou soldados, a primeira-ministra disse que "ainda não conseguimos identificar todas essas pessoas", embora tenha acrescentado que havia "uma parte significativa de civis".

Relembre: Trinta anos depois de um genocídio em Ruanda, as lembranças dolorosas são profundas

Judith disse também disse que "mais de 2.500 corpos" foram enterrados sem serem identificados e que "mais de 1.500 corpos estão espalhados nos necrotérios". Somente para a cidade de Goma, capital do Kivu do Norte tomada pelo grupo armado M23 apoiado pelas forças ruandesas, a premier ecoou fontes da ONU relatando "mais de 3.000 mortes".

O conflito também forçou milhares de pessoas a fugirem de suas casas, principalmente no leste de RDC, onde o grupo M23 - apoiado por forças ruandesas, segundo a ONU - passou a controlar grandes territórios.

A primeira-ministra acusou Ruanda de querer ocupar esses territórios para explorar os ricos depósitos de vários minerais, alguns dos quais são essenciais para chips ou telefones celulares.

Em dezembro, a RDC apresentou uma queixa contra as subsidiárias europeias da gigante de tecnologia Apple, acusando-as de usar ilegalmente "minerais do sangue" em sua cadeia de suprimentos.

Alega que a Apple comprou suprimentos de contrabando do leste da RDC.

"Eles usam minerais que vêm da RDC", acusa ela, "e queremos saber como essa empresa obtém seus suprimentos de minerais que nos permitem usar nossos telefones e computadores".

A Apple contestou a acusação e afirmou que, desde o início de 2024, devido ao agravamento do conflito e às dificuldades na certificação, parou de comprar tântalo e outros metais tanto da RDC quanto de Ruanda

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