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Rio de Janeiro

Crianças, professores e passageiros encurralados pelo tiroteio na operação com 8 mortos no Rio

O pânico tomou conta de Senador Camará, onde criminosos usaram ônibus como barricadas

Bairro Senador Camará, na cidade do Rio de Janeiro, teve troca de tirosBairro Senador Camará, na cidade do Rio de Janeiro, teve troca de tiros - Foto: Marcos de Paula / Prefeitura do Rio

O choro e o medo tomaram conta de uma creche em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio, onde dezenas de crianças foram obrigadas a se deitar no chão dos corredores enquanto tiros ecoavam do lado de fora.

Professoras tentavam acalmar os pequenos, agarrados às mochilas e chorando sem entender a guerra travada a poucos metros da escola. Do lado de fora, outra professora improvisou um cartaz com a palavra “PROFESSORA” para conseguir atravessar a área sob fogo cruzado. Passageiros de trem também se jogavam no piso dos vagões para se proteger dos disparos.

As cenas de pavor marcaram a manhã desta quinta-feira durante a operação das polícias Civil e Militar na Vila Aliança, que terminou com oito mortos, ônibus usados como barricada e a comunidade inteira paralisada pelo tiroteio.

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Segundo a Polícia Civil, seis dos mortos estavam em uma casa onde criminosos mantinham um pastor e uma criança como reféns. Eles foram cercados, houve confronto e acabaram mortos. Os reféns foram libertados em segurança. Outros dois suspeitos morreram em outro ponto da comunidade. A polícia ainda prendeu dois homens e apreendeu quatro fuzis e pistolas.

A ação tinha como principais alvos dois chefes do Terceiro Comando Puro (TCP): Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, e José Rodrigo Gonçalves Silva, o Sabão da Vila Aliança. Coronel é apontado como mandante do assassinato brutal da jovem Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, espancada até a morte em agosto após recusar se relacionar com ele em um baile funk. Já Sabão é acusado de ordenar o ataque a tiros contra um helicóptero da Polícia Civil em março, que deixou o copiloto Felipe Marques Monteiro baleado na cabeça.

Durante a operação, dois suspeitos foram presos quando tentavam sequestrar um ônibus para bloqueá-lo na Avenida de Santa Cruz. Nas ruas, seis coletivos e dois caminhões foram atravessados como barricadas, paralisando linhas de ônibus e forçando a Supervia a interromper parte da circulação dos trens. Helicópteros sobrevoaram a região e moradores registraram o som intenso de rajadas de fuzil.

A operação foi planejada com base em informações de inteligência e contou com agentes da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil (Ssinte), da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Militar (SSI), da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

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