"Desculpa não ter sido suficiente": irmã de Juliana Marins publica carta de despedida
Turista brasileira morreu após cair em trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. Corpo foi resgatado quatro dias depois de queda; primeiras imagens mostraram a jovem ainda viva
Mariana Marins passou por dias de angústia em busca de notícias e de ajuda, mesmo a quilômetros de distância, para ajudar a irmã Juliana Marins, turista brasileira que caiu em trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. Após quatro dias, a equipe de resgate formada em grande parte por voluntários conseguiu recuperar o corpo da jovem de 26 anos, na terça-feira. No fim da noite de quarta-feira (horário de Brasília), Mariana publicou uma carta de despedida.
"Você sempre esteve comigo em todos os momentos, inclusive nos piores deles. A gente sempre dizia que moveria montanhas uma pela outra, e daqui do Brasil, tentei mover uma lá na Indonésia por você. Desculpa não ter sido suficiente, irmã", escreveu Mariana.
A carta aberta, que é acompanhada por duas fotos das irmãs, foi divulgada no perfil do Instagram que a família criou para compartilhar informações sobre as buscas e o resgate de Juliana e para pedir ajuda.
Mariana segue falando da relação com a irmã caçula, 5 anos mais nova, a definindo como "doidinha". Ela lembra de momentos juntas, como ensinar Juliana a andar de bicicleta e a tocar violão, e de ter a irmã como madrinha de seu casamento.
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"Você sempre foi a maior parceira do mundo, mesmo sendo avoadinha de tudo, sempre acreditando que todas as coisas sempre iam dar certo. E o pior: elas sempre davam certo!", escreveu em outro trecho.
Ela ainda reflete sobre os próximos anos, agora sem Juliana, como em datas comemorativas como o Natal, que celebravam juntas:
"Outra coisa que tem me incomodado muito é que meus filhos não terão a tia Ju por perto. Seu relógio biológico bateu errado e você - semana sim, semana não - me pedia logo uma sobrinha. Você seria uma excelente tia. Seus sobrinhos vão saber tudo sobre você. Não se preocupe com isso. Mas eles não terão o privilégio de conviver com você. E isso tem acabado comigo.
Como vou ser velha sem você? Como terei 60 anos sem você do meu lado? Quem usará um gorro de natal comigo em qualquer dia de dezembro?"
Trabalho de autópsia
As autoridades indonésias afirmaram que o corpo de Juliana Marins será transportado para a ilha de Bali nesta quinta-feira para uma autópsia, que deve determinar a causa e o horário da morte. Parentes da turista brasileira criticaram a lentidão da operação de resgate e apontaram negligência das autoridades locais, que disseram ter realizado uma reunião para "explicar a eles os desafios" do salvamento.
— A autópsia acontecerá em Bali. Procuramos a opção mais próxima, que é Denpasar — disse Indah Dhamayanti Putri, vice-governadora da província de West Nusa Tenggara, ao citar a capital de Bali. — Eles querem saber o horário da morte.
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Dias de angústia e de cobranças
Juliana, de 26 anos, desapareceu no sábado no segundo maior vulcão da Indonésia, localizado na ilha de Lombok. As tentativas de resgatar Juliana foram prejudicadas pelo clima desafiador e pelo terreno acidentado, depois que autoridades localizaram seu corpo imóvel com um drone.
As equipes de resgate finalmente alcançaram seu corpo na noite de terça-feira, após um esforço de vários dias, e o recuperaram na quarta-feira.
A família acredita que Juliana poderia ter sido salva se tivesse sido alcançada em algumas horas, e não dias.
"Juliana sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate. Se a equipe tivesse chegado até ela dentro do prazo estimado de 7h, Juliana ainda estaria viva", escreveu a família na quarta-feira em uma conta do Instagram que acumula mais de um milhão de seguidores.
"Juliana merecia muito mais! Agora nós vamos atrás de justiça por ela, porque é o que ela merece! Não desistam de Juliana!", acrescenta a mensagem.
Em uma mensagem publicada nesta quinta-feira, a família agradeceu aos "voluntários que, com coragem, se dispuseram a colaborar para que o processo de resgate de Juliana fosse agilizado".

