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Em velório de Ana Victória, mãe afirma: 'o feminicídio levou mais uma mulher, mais uma vítima'

Velório de Ana Victória, no Cemitério de Santo AmaroVelório de Ana Victória, no Cemitério de Santo Amaro - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Será realizado, na tarde desta quinta-feira (12), o velório e sepultamento de Ana Victória Cavalcanti, no cemitério de Santo Amaro, na área central do Recife. No local, a mãe Maria das Graças da Silva realizou um pronunciamento sobre a perda e reafirmou a suspeita da família de que se trata de um caso de feminicídio cometido pelo namorado, que realizava práticas abusivas contra a vítima.

“Infelizmente o feminicídio levou mais uma mulher, mais uma vítima. E para mim, é muito importante o compromisso de todos nós. O seu, mulher e o de vocês, homens, com as mulheres. Sexta foi a minha filha, mas amanhã pode ser qualquer uma de nós”, desabafou Maria das Graças.


Ainda no pronunciamento, a mãe descreveu o último contato que teve com a filha e reafirmou que a mesma estava se separando do namorado.

“Minha última conversa com ela foi na sexta-feira (6), às 21h22 da noite. Ela havia me dito que, no dia seguinte, iria de mala para a minha casa para ficar por algum tempo, por estar se separando daquela pessoa e ia deixar ele ficar no apartamento, pois ele não tinha outro lugar para morar".

Ana Victória tinha 29 anos e foi encontrada morta após o incêndio em seu apartamento, no último sábado (7), no bairro de Boa Viagem. No mesmo local, também foi encontrado o corpo do namorado, Murilo Gomes, de 33.

O corpo da jovem foi carbonizado durante o incêndio, o que fez com que só fosse possível realizar a confirmação da identidade após exame de DNA, realizado pela Polícia Científica de Pernambuco. Pelo estado do corpo, houve um grande intervalo entre o ocorrido e o enterro, e os laudos investigativos ainda não foram divulgados. 

A mãe da vítima também divulgou uma nota oficial, onde destacou a ligação entre a morte de Ana Victoria e o aniversário de 15 anos da Lei Marinha da Penha.

“O dia 7 de agosto irá ficar eternamente guardado no meu coração. Será para sempre um dia de dor, de sofrimento, e de um vazio que irei transformar em força, em luta. Minha filha foi brutalmente assassinada no dia em que todas nós mulheres celebramos os 15 anos da Lei Maria da Penha. E o que posso celebrar? Nada. Porque o caso de Victoria está longe de ser mais um. [...] 

Hoje, não estou enterrando apenas o corpo da minha filha, estou aqui enterrando uma semente que irá florescer por justiça, liberdade e vitória para todas as mulheres que sofrem quaisquer tipos de violência.”

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