Feijoada envenenada: matadoras do Rio e de São Paulo se conheceram na faculdade
Segundo investigação, Michelle Paiva da Silva, filha da vítima, e Ana Paula Veloso Fernandes estudaram Direito juntas antes de a segunda se mudar para São Paulo
Suspeitas de envolvimento na morte de Neil Correa da Silva, de 65 anos, a motorista de ônibus Michelle Paiva da Silva, filha do aposentado, e Ana Paula Veloso Fernandes se conheceram numa faculdade na Zona Norte do Rio, onde as duas estudavam.
Ambas eram moradoras de Duque de Caxias e cursavam Direito na mesma sala. Em janeiro, a segunda foi para São Paulo, onde passou a estudar. Mas a amizade entre as duas mulheres continuou, até culminar no assassinato.
"A gente descobriu que a Ana Paula era mentora e executora de quatro homicídios qualificados. E, a partir daí, conseguiu provar esse crime ocorrido em Duque de Caxias contra o senhor Neil, a mando da própria filha, a Michelle, que conversou com a Ana Paula e, juntas, elas armaram esse plano para eliminá-lo", disse o delegado Alisson Leite Hideão, do 1º Distrito de Guarulhos, da Polícia Civil de São Paulo, responsável pela investigação dos casos na cidade paulista.
Segundo a investigação, a motorista de ônibus não tinha uma boa relação com o pai. Por isso, teria contratado a amiga, que contou com o apoio da irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso, para executar a vítima. De acordo com o delegado, a maior parte das conversas encontradas no celular de Ana Paula, era dela com sua irmã, que também teve participação no crime e está presa.
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"Nas conversas, elas utilizam códigos para falar sobre essa morte. Elas comentam a motivação, a forma como seria feito, quanto custaria para que fosse feito o "serviço". Esses elementos estão no processo e são elementos robustos, que trazem total credibilidade à nossa investigação", afirmou o delegado.
"Tudo foi meticulosamente premeditado. A Michelle financia a vinda da Ana Paula para o Rio, ela faz um pix e Ana Paula compra a passagem. Ela vem no dia 24 de abril e fica até o dia 27. A morte aconteceu no dia 26. Então, ela veio aqui só para fazer isso. Ela veio de Guarulhos para o Rio fazer o que tinha combinado com Michelle; depois voltou para Garulhos".
Ainda de acordo com Alisson Leite, embora tenha permanecido em Guarulhos, Roberta também teve participação ativa no plano:
"Ela instigou, auxiliou e recebeu pela morte do Neil. A gente tem toda as conversas, temos todas essas informações nos autos".
O crime teria custado R$ 4 mil. Mas, como Ana Paula Veloso Fernandes havia feito um empréstimo com a contratante, o valor da dívida foi abatido. Assim, a filha do aposentado teria pagado efetivamente R$ 1,4 mil pelo assassinato.
Nesta quinta-feira, policiais paulistas e agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que também já investigavam a morte do aposentado Neil Correa da Silva, realizaram a exumação do corpo da vítima. O cadáver que estava sepultado no Cemitério Memorial Rio, em Cordovil, foi levado para o Instituto Médico-Legal, no Centro do Rio. Um exame pericial vai tentar confirmar se o idoso foi ou não envenenado. Além disto, os legistas também tentarão identificar que substância teria sido usada para matar o aposentado.
A suspeita é de que Neil tenha comido uma feijoada envenenada oferecida pela filha. Segundo a polícia, foi Ana Paula quem trouxe a comida servida para o aposentado. Antes disso, Michele a teria passado num liquidificador, já que seu pai tinha dificuldades para engolir alimentos. O caso aconteceu no dia 26 de abril de 2025. Ele morreu horas depois em um hospital de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A certidão de óbito do aposentado aponta apenas como causa da morte insuficiência respiratória aguda, cetoacidose diabética, parada cardiorrespiratória e crise convulsiva.
Ana Paula foi presa no dia 9 de julho último em São Paulo. A irmã gêmea, identificada como Roberta Cristina Veloso, foi detida em agosto. A primeira estava com a prisão preventiva decretada. A segunda foi capturada por conta de um mandado de prisão temporária. Já Michelle Paiva da Silva, de 43 anos, foi presa na última terça-feira, quando chegava a uma universidade, no bairro do Engenho Novo, na Zona Norte do Rio.

