Grande manifestação em Tel Aviv em apoio a reféns de Gaza
Apesar da crescente pressão, o governo israelense está determinado a expandir sua ofensiva na Faixa de Gaza
Dezenas de milhares de manifestantes saíram neste domingo (17) às ruas de várias cidades de Israel para pedir ao governo um cessar-fogo em Gaza que garanta a libertação dos reféns, uma exigência rejeitada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O Fórum das Famílias de Reféns, que convocou a jornada, estimou em cerca de 500 mil o número de participantes.
Bloqueios de estradas em várias localidades, pneus em chamas e alguns confrontos com as forças de segurança marcaram o dia de mobilização.
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Uma imensa bandeira israelense com os retratos dos sequestrados foi estendida na chamada "praça dos reféns", em Tel Aviv, convertida em local de congregação desde o início da guerra, que estourou em 7 de outubro de 2023 com o ataque sem precedentes do Hamas em Israel.
Apesar da crescente pressão, o governo israelense está determinado a expandir sua ofensiva na Faixa de Gaza para acabar com o movimento islamista palestino Hamas e assumir o controle da segurança em todo o enclave, sitiado e faminto após quase dois anos de guerra.
Neste domingo, ao menos 60 pessoas morreram no território palestino, segundo a Defesa Civil local.
"Aqueles que hoje pedem para pôr fim à guerra sem uma derrota do Hamas não apenas reforçam a posição do Hamas e afastam a libertação de nossos reféns, mas também garantem que os horrores de 7 de outubro se repitam uma e outra vez, e tenhamos que lutar uma guerra sem fim", afirmou Netanyahu em uma reunião de gabinete.
O chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, reuniu-se neste domingo com responsáveis militares para discutir o plano que prevê a tomada de controle da Cidade de Gaza, com o objetivo declarado de derrotar o Hamas e libertar os reféns ainda cativos no enclave.
Após a reunião, anunciou que o exército "concentrará" suas operações na Cidade de Gaza, com esses objetivos.
Esse anúncio despertou medo nas famílias dos reféns, que temem que seus entes queridos morram na operação, e exigem um acordo negociado para a libertação de todos os cativos.
"Tragam todos de volta"
O Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, principal grupo de familiares dos cativos, assim como a oposição e uma parte do setor econômico e sindical, haviam convocado essa greve de solidariedade com os reféns para este domingo, primeiro dia da semana em Israel.
No entanto, a maioria dos comércios permaneceu aberta em Jerusalém e Tel Aviv, segundo constatou a AFP.
Pela manhã, dezenas de pessoas pediram diante da residência de Netanyahu, em Jerusalém, "terminar a guerra" e "trazer todos [os reféns] de volta".
O epicentro dos protestos foi Tel Aviv, onde se reuniram manifestantes com retratos dos sequestrados, bandeiras israelenses e cartazes amarelos (a cor símbolo dos reféns).
"Estamos fazendo todo o possível para trazê-los de volta (...) Podemos ter divergências, mas a verdade é que todo o povo de Israel quer que nossos irmãos e irmãs regressem para casa", declarou na praça o presidente israelense, Isaac Herzog.
"E quero dizer ao mundo: (...) Pressionem o Hamas", acrescentou.
"Se não os trouxermos de volta agora, os perderemos para sempre", alertou, por sua vez, o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos.
Milhares de agentes das forças de segurança foram mobilizados em todo o país, informou a polícia, que prendeu 32 manifestantes por distúrbios da ordem pública e restrição da liberdade de circulação.
"Uma recompensa para o inimigo"
Partidários de Netanyahu e da extrema direita criticaram duramente o movimento.
"Bloquear as principais estradas de Israel e perturbar a vida dos cidadãos é um grave erro e uma recompensa para o inimigo", lamentou o ministro da Cultura, Miki Zohar.
O titular das Finanças e figura da extrema direita, Bezalel Smotrich, também denunciou uma "campanha (...) que faz o jogo do Hamas".
São "mensagens repugnantes", replicou o chefe da oposição, Yair Lapid. "Não têm vergonha?", acrescentou.
Entre os 251 reféns capturados no ataque de 7 de outubro, 49 seguem cativos em Gaza, dos quais 27 teriam morrido, segundo o exército israelense.
O Hamas e a Jihad Islâmica divulgaram no início de agosto vídeos de dois reféns israelenses debilitados e abatidos, que consternaram a sociedade israelense e reacenderam o debate sobre a necessidade de um acordo para sua libertação.
A imprensa nacional divulgou na noite deste domingo um novo vídeo de um refém, transmitido por sua família.
Nesse curto vídeo, Matan Zangauker, muito magro, dirige-se a seus familiares para dizer que sente saudades. Sua família explicou que as imagens foram filmadas pelo Hamas, mas encontradas pelo exército.
O ataque de 7 de outubro causou a morte de 1.219 pessoas no lado israelense, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP a partir de dados oficiais.
A operação israelense em Gaza já provocou 61.944 mortos, sobretudo civis, de acordo com os dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

