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SAÚDE

Idade e hipertensão são apontados como fatores que desencadearam AVC de Papa Francisco, diz médico

Francesca Romana Pezzella, secretária da Associação Italiana de AVC, também afirmou que problemas respiratórios não foram responsáveis pelo quadro

O Papa Francisco O Papa Francisco  - Foto: Andreas Solaro / AFP

A morte do Papa Francisco na última segunda-feira, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e um quadro de insuficiência cardíaca irreversível, pode ter sido desencadeada por dois fatores. De acordo com a neurologista Francesca Romana Pezzella, secretária da Associação Italiana de AVC, a idade do chefe da Igreja Católica e o histórico de hipertensão são as causas mais prováveis de terem causado o quadro, enquanto os problemas respiratórios "não tem nada a ver com o AVC".

Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, Pezzella explica que o derrame que causou a morte do Papa pode ser causado pelo bloqueio (AVC isquêmico) ou ruptura de uma artéria cerebral (hemorrágico). "A hipótese é que tenha sido um AVC hemorrágico, que na primeira hora é acompanhado de um alto risco de morte.

O tecido cerebral está danificado e é necessário intervir imediatamente: quanto mais rápida a intervenção, maiores as chances de recuperação", afirma a médica da Unidade de AVC do Hospital São Camilo em Roma.

Ela conta que alguns fatores clínicos podem ser indicativos de um AVC, como dificuldade para falar e se movimentar, fraqueza nos membros, articulações enrijecidas e paralisia facial. Segundo a médica, um fator de risco para o quadro é a idade. "A incidência dobra a cada década após os 55 anos. É mais frequente em homens até os 60-70 anos, e depois a incidência é maior em mulheres", explica Pezzella, acrescentando que "se houver histórico familiar, o risco aumenta em 30%".

A saudação aos fiéis na Praça de São Pedro, no domingo de Páscoa, que viria a ser o último ato público de Francisco, foi a primeira aparição do Pontífice desde a internação por problemas respiratórios, em 14 de fevereiro. Para a neurologista, no entanto, as duas questões não estão relacionadas. "O que sabemos e o que foi possível observar durante as suas saídas nos últimos dias é que o Pontífice estava com muitas dores e cansado. O AVC não tem nada a ver com problemas respiratórios. Pode-se supor que tenha sido causada por um pico de hipertensão", afirma Pezzella.

Desde a juventude, Jorge Mario Bergoglio conviveu com diversos problemas de saúde: a retirada de uma parte de um pulmão devido a problemas respiratórios como bronquite; problemas no fígado e no joelho; diabetes tipo 2 e hipertensão. De acordo com Francesca Pezella, a última "é a principal causa de AVC, seguida pela idade, diabetes, fibrilação atrial e imobilidade".

Sucessão
O conclave é a reunião de cardeais eleitores da Igreja Católica para escolher um novo Papa. Ele deve iniciar-se de 15 a 20 dias após a morte ou renúncia do Papa, a fim de esperar a chegada de todos os cardeais eleitores. Esses cardeais votam e podem ser votados, mas não podem votar em si mesmos. Têm direito a voto os cardeais com menos de 80 anos até a data da morte do Papa Francisco. Para ser eleito, são necessários 2/3 dos votos dos cardeais com direito a voto.

Apesar do rito ainda não ter começado, já há especulações sobre os nomes mais cotados — e intensas movimentações nos sites de apostas, com dois favoritos na liderança. Segundo o agregador OddsChecker, que compara apostas de diferentes sites, o cardeal italiano Pietro Parolin, de 70 anos, é o favorito a assumir o posto de líder da Igreja Católica.

Parolin é o atual secretário de Estado do Vaticano, ocupando o segundo posto mais importante na hierarquia da Santa Sé desde 2013. Foi o primeiro cardeal nomeado pelo Papa Francisco, em 2013. Diplomata experiente, Parolin ingressou no serviço diplomático da Santa Sé em 1986, aos 31 anos, e serviu em países como Nigéria, Venezuela e México, além de atuar em negociações sensíveis envolvendo China, Vietnã e Oriente Médio.

O segundo favorito é Luis Antonio Tagle, de 67 anos. Nascido em 1957 nas Filipinas, é o atual cardeal-arcebispo de Manila. Ele é conhecido por seu compromisso com a justiça social, o combate à pobreza e a defesa dos direitos humanos, além de ser defensor do diálogo inter-religioso. O filipino é frequentemente apontado como um dos possíveis sucessores de Francisco, tendo sido um de seus "favoritos", apesar de não ter sido nomeado cardeal pelo Pontífice.

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