Iranianos e israelenses lamentam mortes e destruições causadas por ataques entre Israel e Irã
Ao menos 128 pessoas morreram no Irã desde sexta-feira, e outras 14 em Israel
A nova onda de ataques entre Israel e Irã continua pelo terceiro dia consecutivo. Neste domingo, sirenes tocaram em ambos países, e autoridades emitiram comunicados orientando a população a buscar refúgios. Ao todo, 128 pessoas foram mortas no Irã, desde a última sexta-feira, e outras 14 em Israel. Há também centenas de feridos contabilizados.
Julia Zilbergoltz teve a casa bombardeada em Bat Yam, próxima à capital Tel Aviv. Ela não ouviu as sirenes de alerta, pois estava dormindo.
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— Estou estressada e em estado de choque. Passei por momentos difíceis na minha vida, mas nunca estive em uma situação como esta — revelou, enquanto recolhia seus pertences e deixava o imóvel.
Segundo as autoridades israelenses, seis pessoas, incluindo duas crianças, morreram no bombardeio que destruiu a casa de Zilbergoltz.
Também afetada pelo ataque, Yivgenya Dudka comentou que a casa também foi atingida: "tudo foi destruído e não sobrou nada".
Em Bat Yam, o prefeito Tzvika Brot escreveu em uma publicação no Facebook que o míssil causou "uma enorme destruição e danos a dezenas de edifícios". Além das vítimas fatais, Brot destacou que mais de 100 pessoas ficaram feridas e que outras permanecem presas sob os escombros.
— As equipes do Comando da Frente Interna trabalham há várias horas e permanecerão até as encontrar — destacou.
Grande preocupação
A cidade de Tel Aviv e a de Rishon Lezion também foram alvo dos mísseis iranianos, após os aviões de combate de Israel realizarem ataques contra alvos militares e nucleares na República Islâmica. Segundo dados divulgados pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, os mísseis iranianos atingiram cerca de 22 locais no país.
Preocupada, Riky Cohen, escritora e moradora de Tel Aviv, contou temer por Israel:
— Estou ciente de que o Irã é muito perigoso para Israel e que o governo deseja destruir Israel — declarou, ressaltando que apoia as ações militares israelenses. No entanto, ela também expressou sua preocupação de que o governo "continue a guerra mesmo que não seja necessário".
Shahar Ben Zion, que tentava limpar os danos em sua casa em Bat Yam, explicou que "sobreviveram por um milagre".
— Eu não queria descer [para o abrigo]. Minha mãe me convenceu (...) houve uma explosão e pensei que toda a casa havia desabador. Graças a Deus, foi um milagre que sobrevivemos — afirmou.
No Irã, tensão é compartilhada por moradores
As incertezas e o medo dos iranianos se aproxima da percepção dos israelenses em relação à guerra. Residentes das áreas afetadas viram de perto os mísseis cruzando o céu e as bolas de fogo, a fumaça e os escombros deixados pelas explosões. Behzed, especialista em direitos autorais de 40 anos, viu do terraço de sua casa, a alguns quilômetros de distância, as consequências de um ataque israelense a um depósito de combustível no norte de Teerã.
— A explosão foi visível, o clarão iluminou a montanha. Jamais imaginei presenciar uma cena assim na minha cidade, na minha vida — lamentou.
Ali, engenheiro de 43 anos, e a esposa têm tentado proteger os filhos pequenos “evitando a TV e palavras como "guerra" para evitar ansiedade:
— Na primeira noite dos ataques, achamos que seria algo passageiro, mas a segunda noite foi devastadora, mal conseguimos dormir. Ainda temos esperança de que tudo passe logo — acrescentou.
Ali disse que esperava que o Irã retomasse as negociações com os Estados Unidos para encerrar a guerra, mas com o cancelamento das conversas previstas para este fim de semana em Omã, seu ânimo mudou.
— Minha esperança está se esvaindo.
Esse sentimento foi compartilhado por Arash, psicólogo de 42 anos, que considera este conflito diferente dos anteriores com Israel.
— Muita gente ainda está em negação, torcendo para que esta crise termine logo, mas o clima está mudando aos poucos — afirmou.

