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CÉREBRO

Jornalista sofre AVC enquanto nada no mar: "Queria pedir ajuda, mas não conseguia"

O acidente vascular cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem

Graham RussellGraham Russell - Foto: reprodução

Um mergulho em uma manhã de domingo de inverno mudou completamente como o jornalista Graham Russell vê a vida. Enquanto nadava na praia de MacMasters, em Nova Gales do Sul, na Austrália, Rusell sofreu um derrame, como é conhecido o acidente vascular cerebral ( AVC).

Naquele dia, ele sabia que enfrentaria grandes ondas e águas frias, mas decidiu seguir para uma região mais adentro do oceano. Após chegar ao ponto no qual diversas ondas estavam quebrando, ele deu três mergulhos, até começar a sentir um ruído branco no ouvido esquerdo, cãibra no lado direito do pescoço e fraqueza no corpo.

Segundo seu relato, publicado no jornal The Guardian, onde trabalha como editor de notícias internacionais, ele conseguiu retornar a um local mais raso enquanto não tirava o olho de outro colega de mergulho que poderia ter alguma dificuldade para conseguir o mesmo.

No entanto, com muita dificuldade, ele conseguiu sair da água e chegar à areia. No momento em que finalmente estava em terra, começou a passar mal, sem que ninguém notasse o que realmente estava acontecendo com ele.

"Minutos se passaram enquanto eu permanecia enjoado na areia, às vezes sentado, às vezes de quatro, mas sempre com a cabeça a centímetros do chão. Pessoas passavam por mim. Eu ainda estava confuso demais para pedir ajuda", relembra.

Mas um surfista percebeu que Rusell não estava bem e falou com ele. Minutos depois, o jornalista foi colocado em uma cadeira e recebeu um cobertor e, em seguida, levado por uma ambulância até o hospital mais próximo.

"Depois de 36 horas sem dormir na emergência, uma neurologista veio à minha cama para me dizer que uma dissecção arterial no meu pescoço – essencialmente uma ruptura no revestimento interno da artéria – havia criado um coágulo e causado um derrame no lado esquerdo do meu cerebelo, o que, por sua vez, afetou o equilíbrio do lado direito do meu corpo. Meus vasos sanguíneos eram fascinantes, disse ela com um toque de entusiasmo, sendo um vaso congênito estreito a fonte do problema", descreve.

Dias depois, Rusell foi liberado do hospital apenas com uma medicação, mas já podia se considerar recuperado do AVC. Ele decidiu voltar à praia para processar suas emoções sobre o ocorrido.

"No momento em que olhei para o oceano, esses medos desapareceram. Minha conexão com aquele lugar silenciosamente escondido se tornou mais rica. Eu havia ajudado a salvar vidas lá por anos como salva-vidas voluntário no surfe. Agora eu tinha minha própria história para contar e agradecia a Deus por ainda estar aqui para contá-la", conta.

Como ocorre um AVC?
O acidente vascular cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. Segundo o Ministério da Saúde, é uma doença que acomete mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo.

A condição é mais comum em adultos mais velhos, mas a incidência em jovens e pessoas acima dos 40 anos tem crescido nas últimas décadas. Idade, pressão alta, tabagismo, obesidade, estilo de vida sedentário e diabetes são conhecidos por aumentar o risco de acidente vascular cerebral.

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O AVC isquêmico ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). Segundo o Ministério da Saúde, o AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos.

Já o AVC hemorrágico ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico.

Sinais que podem salvar vidas:
Segundo informações do Hospital Albert Einstein, uma das formas de identificar um AVC é fazer o teste Samu:

Sorriso: peça para a pessoa sorrir. Veja se um lado do rosto não mexe;

Abraço: veja se a pessoa consegue elevar os dois braços como se fosse abraçar ou se um membro não se move;

Música: veja se a pessoa repete o pedacinho de uma música ou se enrola as palavras;

Urgente: chame uma ambulância ou vá a um pronto atendimento especializado.

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