Dom, 21 de Dezembro

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Justiça

Justiça condena médico que disse que mamografia causa câncer de mama

Lucas Ferreira Mattos, que acumula mais de 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais, teve de remover o conteúdo com desinformação e está proibido de fazer novas publicações do tipo

Mamografia é importante para identificar possível câncer de mama Mamografia é importante para identificar possível câncer de mama  - Foto: Divulgação

A Justiça Federal de Minas Gerais condenou o médico Lucas Ferreira Mattos, que acumula mais de 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais, após ele ter associado, sem comprovação científica, os exames de mamografia a um aumento nos casos de câncer de mama. Os procedimentos, que auxiliam no diagnóstico da doença, são imprescindíveis e não causam câncer.

O profissional precisou remover todo o conteúdo com a desinformação de suas contas nas redes sociais e está proibido de realizar novas publicações do tipo em suas plataformas ou nas de terceiros. O vídeo em que falava sobre os “riscos da mamografia” acumulava mais de 62 mil visualizações no Instagram até o fim de outubro, e 12 mil no Shorts, plataforma de vídeos curtos do YouTube.

Na publicação, Lucas disse que "uma mamografia gera uma radiação para mama equivalente a 200 raios-x, isso aumenta a incidência de câncer de mama por excesso de mamografia", ao responder uma seguidora que estava com dúvidas sobre um diagnóstico de um nódulo na mama.

Na decisão liminar, o juiz federal responsável pela condenação reforçou que a alegação de Lucas “não encontra amparo na sedimentada e atual pesquisa sobre o assunto, podendo causar danos a mulheres que venham, inadvertidamente, seguir suas orientações, deixando de consultar seu médico particular e efetuando, se a isso indicada, o questionado exame de mamografia”.

O julgamento foi resultado de uma ação civil pública ajuizada em março deste ano por uma parceria entre a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério da Saúde e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR). A medida faz parte do projeto “Saúde com Ciência”, que busca promover a integridade da informação em temas de saúde pública.

“Estamos celebrando muito esta vitória da nossa AGU, porque é um marco na defesa da vida das mulheres. A advocacia pública acredita que é nosso dever proteger a saúde, enfrentando a desinformação sobre o câncer de mama”, celebrou a procuradora-geral da União, Clarice Calixto, em nota.

A unidade da AGU que conduziu a ação foi a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), ligada à Procuradoria-Geral da União (PGU). O GLOBO tentou contato com o médico, mas ainda não obteve retorno.

Importância da mamografia
A mamografia é o procedimento utilizado nos exames de rotina, conhecidos como rastreamento, para câncer de mama. O objetivo é avaliar periodicamente mulheres sem sintomas para identificar de forma precoce os casos da doença e, dessa forma, aumentar as chances de cura.

A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as mulheres saudáveis entre 50 e 74 anos realizem o procedimento a cada dois anos. Em caso de sinais e sintomas suspeitos, a mamografia é indicada como exame diagnóstico para qualquer mulher, independentemente da faixa etária.

Em relação aos exames de rotina, para aquelas a partir dos 40 também já há uma recomendação de rastreio pelas entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). No Sistema Único de Saúde (SUS), o ministério diz que ele também pode ser feito nesta faixa mediante demanda, em decisão conjunta com o profissional de saúde.

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