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Ciência

Lobo-terrível: espécie extinta há 10 mil anos é trazida de volta pela ciência; entenda

Pesquisadores utilizaram o DNA encontrado em fósseis de 11.500 e 72.000 anos para recriar o genoma completo do lobo

Lobo-terrível com seis mesesLobo-terrível com seis meses - Foto: Reprodução / Colossal Biosciences / X

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O lobo-terrível, espécie que referenciou o lobo branco gigante da série Game of Thrones, extinto há 10 mil anos, está de volta. 

Nesta segunda-feira (7), a empresa Colossal Biosciences anunciou que conseguiu recriar os animais usando edições genéticas derivadas de um genoma completo de lobo-terrível, meticulosamente reconstruído a partir de DNA antigo encontrado em fósseis que datam de 11.500 e 72.000 anos.

Confira o vídeo:
 

"Este momento marca não apenas um marco para nós como empresa, mas também um salto à frente para a ciência, conservação e humanidade. Desde o início, nosso objetivo tem sido claro: 'Revolucionar a história e ser a primeira empresa a usar a tecnologia CRISPR com sucesso na de extinção de espécies perdidas anteriormente'. Ao conseguir isso, continuamos a impulsionar nossa missão mais ampla — aceitar o dever da humanidade de restaurar a Terra a um estado mais saudável", publicou a empresa na rede social X. 

O protocolo CRISPR-Cas 9 é uma técnica de edição genética que permite editar sequências de DNA em organismos. 

Primeiros após 10 mil anos
Nascidos em 1° de outubro de 2024, os dois primeiros filhotes de lobo-terrível trazidos de volta da extinção foram batizados de Rômulo e Remo, em referência aos gêmeos fundadores de Roma, na Itália, que, segundo a tradição histórica do país, foram amamentados por uma loba. 

Khaleesi, três meses mais nova, é a fêmea de lobo-terrível trazida ao mundo pela mesma técnica que trouxe os irmãos Rômulo e Remo. 

A fêmea carrega o nome em referência a uma personagem importante da série Game of Thrones. Também conhecida como Daenerys Targaryen, Khaleesi não chegou a conhecer os lobos famosos da família Stark, mas tinha uma forte ligação com animais ferozes por ser a "mãe dos dragões".

Atualmente, os filhotes machos estão com seis meses, e a fêmea, com três.

 

Para gerar os filhotes, que devem chegar a aproximadamente 80 quilos na idade adulta, a empresa usou cadelas domésticas como “mães de aluguel”. 

A empresa não divulgou maiores informações sobre as fêmeas que geraram os filhotes de lobo-terrível, o que deixou dúvidas sobre a sobrevivência dessas procriadoras após o parto. Essa, inclusive, é uma das implicações éticas da prática.

No site da Colossal Biosciences, é possível acompanhar a jornada dos animais em tempo real por meio de um rastreador colocado nos animais. Eles estão sendo criados em uma área preservada nos Estados Unidos.

Ainda não houve avaliação sobre o impacto da introdução de um animal já extinto em um ecossistema em equilíbrio. 

Desextinção
Segundo a empresa, a desextinção é um processo de geração de um organismo que se assemelha e é geneticamente similar a uma espécie extinta. Os fósseis usados foram encontrados na Venezuela, Canadá e Estados Unidos. 

Ciência traz de volta filhotes de lobo-terrívelFilhotes machos de lobo-terrível - Reprodução / Colossal Biosciences / X

Para o sucesso da pesquisa, foi editado o código genético de um lobo cinzento através do protocolo CRISPR-Cas 9. 

O ato de trazer de volta uma espécie que se perdeu não é sobre o “luxo” de mostrar que é possível, mas sobre a necessidade de reduzir a perda da biodiversidade no mundo. 

A World Animal Foundation, uma organização que defende os direitos dos animais, prevê que, até 2050, metade de todas as espécies do mundo podem se extinguir.

“As mesmas tecnologias que criaram o lobo-terrível podem ajudar diretamente a salvar lobos, mamíferos e outras espécies ameaçadas de extinção. Este é um salto tecnológico extraordinário nos esforços de engenharia genética tanto para a ciência quanto para a conservação, bem como para a preservação da vida, é um exemplo maravilhoso do poder da biotecnologia para proteger espécies, tanto existentes quanto extintas”, disse Chris Mason, um dos pesquisadores responsáveis pelo processo de desextinção. 
 

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