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CRIME

"Medo de ir à praia, receosa e triste": advogado detalha estado de modelo assediada em Boa Viagem

Meyllin Oliveira, de 20 anos, fazia uma sessão de fotos quando um ciclista, identificado como Douglas Paulo da Silva, 26 anos, passa a mão nas partes íntimas da jovem e segue pedalando

Modelo tirava fotos quando foi assediada pelo ciclistaModelo tirava fotos quando foi assediada pelo ciclista - Foto: Instagram/Reprodução

A modelo Meyllin Oliveira, de 20 anos, vítima de importunação sexual por um ciclista enquanto fazia uma sessão de fotos na orla de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, em setembro, tenta, pouco a pouco, retomar a vida. 

Segundo o advogado Rafael Luis Nunes da Silva, que representa a vítima, passados mais de dois meses do crime, Meyllin ainda convive com diversos medos, inclusive de voltar à praia. 

"Ela está fazendo tratamento com psicólogo. Tem medo de ir para a praia, receosa, assustada e triste, entende?", afirmou o advogado.

O caso aconteceu no dia 14 de setembro. Na gravação do momento, feita por uma amiga da modelo, ela posa para a câmera enquanto tira fotos. Em seguida, dois homens passam ao seu lado de bicicleta. O primeiro segue o trajeto normalmente e não se aproxima. Já o segundo, identificado como Douglas Paulo da Silva, 26 anos, chega mais perto de Meyllin, passa a mão nas partes íntimas da jovem e segue pedalando.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Segundo Rafael, a onda de preconceito e acusações infundadas depois da repercussão do caso também são um turbilhão para a jovem. 

"As pessoas na internet ainda a criticam, como se ela quisesse se beneficiar com isso. É muito hate, dizendo que ela  marecia isso porque estava com roupa curta. Ela está se sentindo muito mal", completou.

Meyllin Oliveira participava de um ensaio fotográfico do concurso Miss Recife 2025 e gravava vídeos para suas redes sociais quando o crime aconteceu. Apesar de abalada, de acordo com Rafael, ela segue tocando sua vida profissional.

"Ela está aos pouquinhos fazendo o trabalho dela. Só está assustada, assombrada e triste com tudo isso", finalizou.

O advogado revelou que foi aberto um pedido de prisão preventiva de Douglas Paulo da Silva. A medida "será apreciada a qualquer momento", concluiu.

Denúncia na Justiça
Douglas Paulo da Silva, de 26 anos foi formalmente denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Além disso, foi feita a instauração de um incidente de sanidade mental no processo. Esse mecanismo é utilizado pela Justiça para avaliar se o acusado apresenta algum tipo de transtorno mental que possa levar ao reconhecimento de inimputabilidade. 

Caso seja atestado que a doença afetava a capacidade do indivíduo entender o ato no momento do crime, o denunciado não poderá cumprir pena e, assim, será absolvido e submetido a medidas de segurança, como internação.

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) já acatou o pedido e alterou a classe do processo de "inquérito policial" para "incidente de sanidade mental". Os dados estão disponíveis na Consulta Processual Unificada do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

O que diz a defesa
Por meio de nota, o advogado de Douglas Paulo, Pedro Paulo Domingos, informou que a defesa "não irá se manifestar sobre os aspectos relacionados ao processo judicial". Uma coletiva de imprensa será convocada ao fim da demanda perante a Justiça.

A defesa destacou que Douglas é "uma pessoa de idoneidade irrefutável e de reputação ilibada ímpar perante a sociedade".

"A defesa técnica entende ainda que deve ser respeitado o devido processo legal e que está acompanhando todos os andamentos processuais e que confia, primeiramente em Deus e que o Poder Judiciário de Pernambuco aplicará a legislação correta ao caso em tela e será feita a Justiça", diz trecho da nota.

"Desequilíbrio"
À época do crime, a defesa chegou a alegar que o momento teria sido provocado por um desequilíbrio do ciclista, que teria tocado em Meyllin para se apoiar e alertar a modelo de que ela estava impedindo a passagem na ciclovia da orla.  

“Ele estava sozinho de bicicleta na ciclovia, andando corretamente conforme todos os outros ciclistas. Ao fazer a curva, no trecho onde a modelo se encontrava tirando fotos, ele relatou para mim que ela estava no meio da ciclovia e, por isso, naquele momento, ele chegou a se desequilibrar”, destacou o advogado de defesa. 

Como denunciar casos de violência
Pernambuco é um dos estados com mais casos de violência contra a mulher no país. Em 2024, a Central de Atendimento à Mulher fez 31.030 atendimentos a pernambucanas, um aumento de 40,6% com relação ao ano anterior. Os dados são da Secretaria de Comunicação Social do governo federal. 

Houve, ainda, um aumento de 16,3% no número de denúncias, passando de 3.963 em 2023 para 4.609 em 2024. Desses, 4.087 foram recebidas por telefone e 424, por WhatsApp.

Os dados apenas atestam uma realidade muito mais profunda de situações de violências vividas por mulheres dia após dia. 

Para denúncias, a vítima pode  fazer a ligação gratuita (ligue 180) de qualquer lugar do Brasil, 24 horas, todos os dias da semana (inclusive finais de semana e feriados).

Em casos de emergência, deve ser acionada a Polícia Militar, por meio do telefone 190.
 

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