"Meu psicológico está abalado", diz jovem encurralado em incêndio na fábrica de fantasias no Rio
Em entrevista ao programa Encontro com Patrícia Poeta, Wesley da Cruz Ricardo, de 27 anos, lembrou os momentos de terror vividos
Vítima do incêndio na fábrica confecção de fantasias de carnaval em Ramos, na Zona Norte do Rio, Wesley da Cruz Ricardo, de 27 anos, falou sobre os momentos de terror vividos durante participação no programa Encontro com Patrícia Poeta desta quinta-feira.
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O jovem repercutiu após ser flagrado, na transmissão do Bom Dia Rio, na TV Globo, de quarta-feira, pedindo socorro. O aderecista contou que pensou que iria morrer.
— Foi um susto muito grande e a gente não sabia o que fazer. A primeira sensação que passou na minha cabeça foi 'vou morrer'. Eu acordei às 7h, olhei o relógio e pensei em dormir mais um pouquinho. Quando deu 7h10 as pessoas já começaram a gritar que estava pegando fogo — diz.
O rapaz estava no quarto andar, mas não conseguiu sair do prédio porque as escadas já estavam pegando fogo:
— O fogo estava vindo do segundo andar. Aí começou o desespero. E minha solução foi sair pela janela. Era aquela fumaça preta e a gente não conseguia enxergar. Socamos as janelas, que foi quando me cortei. A gente foi socando as janelas e ali começamos a gritar todo mundo. E tinham umas 15 pessoas. A fumaça vinha e eu não conseguia respirar, era aquela fumaça que ardia.
Wesley, que trabalha na Império Serrano, explicou por que estava dormindo na fábrica. Morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ele destacou que a distância é grande entre a sua residência e a empresa.
— Como eu moro distante, eu durmo no local de trabalho. Tudo nosso estava lá: meu ventilador, meus documentos, dinheiro. Na hora que começa a pegar fogo você não pensa em pegar bolsa, essas coisas. Meu psicológico está muito abalado. Eu fecho os olhos e vem aquela cena. O desespero de não saber o que fazer — desabafa.
Enquanto Wesley tentava sobreviver no incêndio, a mãe do rapaz assistia a tudo pela televisão.
Ao Globo, Carla Gomes da Cruz, de 46 anos, relata que foi acordada por uma ligação de tom aflito.
Sem dar muitos detalhes, uma cliente pediu para que ela ligasse a TV. Carla obedeceu e, na tela, deu de cara com o filho, Wesley, pedindo ajuda aprisionado no prédio tomado pelo fogo.
— Eu ainda estava dormindo quando uma cliente me ligou do nada e me pediu para ligar a TV. Quando eu fiz isso, vi meu filho pedindo socorro. Eu o reconheci na mesma hora e fiquei desesperada. Comecei a gritar, chamei meus vizinhos e liguei para o meu marido. Fiquei com muito medo de acontecer o pior, mas Deus e os Orixás protegeram meu menino. Ele ainda está no balão de oxigênio, porém o pior já passou. Só posso agradecer por ele estar bem — afirma.

