Sáb, 06 de Dezembro

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Saúde

Mpox: além do Brasil, os 13 países fora da África que já detectaram a nova cepa mais letal do vírus

Identificação do Clado 1b foi um dos motivos que levaram a OMS a declarar novamente emergência internacional de saúde para a doença em agosto do ano passado

Mpox- Um paciente mostra a mão com uma ferida causada por uma infecção pelo vírus da varíola dos macacosMpox- Um paciente mostra a mão com uma ferida causada por uma infecção pelo vírus da varíola dos macacos - Foto: Ernesto Benavides/AFP

O Estado de São Paulo confirmou, nesta sexta-feira, o primeiro caso da nova cepa mais letal do vírus da mpox, chamada de Clado 1b, no Brasil. A variante tem sido responsável por um surto de grande magnitude na República Democrática do Congo (RDC) e levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII), seu mais alto nível de alerta, em agosto do ano passado.

O quadro é de uma mulher de 29 anos residente da Região Metropolitana de São Paulo que tem boa evolução, passa bem, e deve ter alta na próxima semana. Ela não viajou para outras regiões onde há surto, mas teria recebido pessoas da RDC, seu país de origem, recentemente.

O vírus da mpox, endêmico no continente africano, é dividido em duas linhagens, chamadas de Clado 1 e Clado 2. A 2, que é mais branda, foi a responsável pela propagação global em 2022 depois que uma nova versão, chamada de 2b, ganhou a habilidade de se disseminar via relações sexuais.

Na época, a OMS também decretou ESPII, e o Brasil foi um dos países mais afetados – o primeiro a relatar um óbito fora da África. Essa cepa (2b) continua a circular e a provocar casos pelo mundo, inclusive no Brasil, porém de forma mais fraca e sem um cenário de emergência global.

No entanto, em setembro de 2023, pesquisadores detectaram uma nova variante do vírus da mpox, dessa vez derivada do Clado 1, que é mais grave, com estimativas que chegam a 10% de letalidade. A cepa também parece ter adquirido a capacidade de ser transmitida sexualmente e recebeu o nome de 1b.

Segundo a última atualização da OMS, o Clado 1b tem transmissão comunitária (circula no local, e não é registrada apenas com casos importados) na RDC, onde causa um grande surto; em Burundi; no Quênia; em Ruanda; na Uganda e na Zâmbia.

No continente, registros de viajantes, sem transmissão comunitária, foram identificados em Zimbabué. Há sugestões ainda de circulação do vírus na Tanzânia após casos de pessoas que vieram do país, embora não exista confirmação de diagnósticos por lá.

Os países que já detectaram a nova cepa
Já fora da África, além do Brasil outros 13 países já registraram casos do Clado 1b da mpox: Reino Unido (nove casos); China (sete casos); Alemanha (sete casos); Tailândia (quatro casos); Bélgica (dois casos); Estados Unidos (dois casos); Canadá (um caso); França (um caso); Índia (um caso); Omã (um caso); Paquistão (um caso); Suécia (um caso) e Emirados Árabes Unidos (um caso).

“Casos importados de mpox ocorreram entre adultos que viajaram durante seus períodos de incubação ou apresentaram sintomas iniciais e foram diagnosticados após chegarem ao país que notificou o caso. Frequentemente, esses indivíduos relataram contato sexual prévio com uma pessoa com mpox confirmado ou com alguém que apresentava sinais e sintomas sugestivos da doença”, diz a OMS.

Ainda que o Clado 1 seja tradicionalmente mais letal, nenhuma morte associada ao Clado 1b foi relatada nesses países. O cenário não é o mesmo observado em 2022, porém a organização alerta para a possibilidade de maior propagação da cepa:

“O surto multicontinental de mpox causado pelo Clado 2b, iniciado em 2022, demonstrou que o contato sexual pode sustentar a transmissão comunitária do vírus. Da mesma forma, os subclados 1a e 1b também estão se espalhando por meio do contato sexual”, diz.

No final de fevereiro, o Comitê de Emergência da OMS para mpox se reuniu e recomendou ao diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que mantivesse a emergência declarada em agosto para a doença. Tedros seguiu a recomendação.

Em nota, a OMS afirmou que o comitê se baseou “no aumento contínuo dos números (da mpox) e na sua expansão geográfica, na violência no leste da República Democrática do Congo (RDC) - que dificulta a resposta - e na falta de financiamento para implementar o plano de resposta”.

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