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O que as diferentes cores do mofo em sua casa revelam sobre os riscos à saúde?

Há uma série de espécies que evoluíram para se desenvolver nas condições que nossas casas oferecem

Mofo em alimentosMofo em alimentos - Foto: Freepik

Os fungos fazem parte de nossa vida. Estão presentes em alguns queijos que comemos, remédios que usamos e até em nossa pele. Junto com bactérias, vírus, ácaros e protozoários, os fungos estão entre os microrganismos que inalamos diariamente. Entretanto, a exposição crônica a certos tipos, como os que formam o mofo, pode trazer efeitos negativos à saúde.

Segundo um artigo publicado no portal IFLScience, o mofo é uma estrutura que alguns fungos podem desenvolver. Geralmente, apresenta uma aparência escura e felpuda, além de um odor forte, crescendo em ambientes com alta umidade. Para se reproduzir, o mofo libera esporos microscópicos que são transportados pelo ar. Quando entram em contato com nosso organismo, esses esporos podem causar nariz entupido, respiração com chiado e coceira nos olhos.

Normalmente, quando estamos saudáveis, nosso sistema imunológico consegue impedir que a exposição ao mofo resulte em algo desagradável. No entanto, para pessoas com asma, problemas respiratórios, sistema imunológico enfraquecido ou alergias específicas, a exposição constante ao fungo pode ser perigosa. Por isso, é importante controlar o excesso de umidade e identificar o tipo de mofo presente.

Veja abaixo o que as diferentes cores do mofo revelam sobre seus riscos:
Mofo preto
O mofo preto é uma presença comum em residências com problemas de umidade, mas diferentes espécies podem apresentar essa coloração, variando em toxicidade. Uma das mais indesejáveis é o Stachybotrys, que tem preferência por materiais com alto teor de celulose. Isso torna painéis de fibra, placas de gesso e papel locais ideais para seu crescimento, desde que haja umidade constante.

Se o mofo preto apareceu no seu chuveiro, é provável que seja Aureobasidium. Em concentrações elevadas, ele pode causar hipersensibilidade, alergias e sintomas respiratórios. Uma solução de alvejante diluído pode ajudar a eliminá-lo, mas a coloração pode persistir mesmo após a eliminação do fungo.

Mofo azul
Se você já limpou mofo e ele se dispersou como uma nuvem de "fumaça", é provável estar lidando com Penicillium. Embora esse fungo tenha um papel importante como antibiótico em infecções específicas, ele não é nada bem-vindo quando toma conta da fruteira. Esse "truque de fumaça" é uma estratégia de dispersão, portanto, evitar movimentá-lo pode impedir que se espalhe para o restante das frutas.

O penicillium pode ser inofensivo, como o penicillium roqueforti, usado na produção de queijos azuis. No entanto, é difícil identificar a espécie apenas observando o mofo azul.

Outro tipo comum de mofo azul é o aspergillus, um fungo associado à aspergilose, uma doença respiratória. Ambos os gêneros, penicillium e aspergillus, possuem espécies que produzem micotoxinas prejudiciais, tornando o mofo azul um visitante que deve ser removido rapidamente.

Mofo verde
Se o mofo em sua casa for verde, há três principais suspeitos: penicillium e aspergillus, que já mencionamos, além do cladosporium, que tem uma coloração oliva. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, esses três tipos formam os mofos internos mais comuns.

As espécies de cladosporium são amplamente encontradas ao redor do mundo e, dentro de casa, costumam se alojar em móveis estofados, madeiras e até torneiras. Os sintomas da exposição variam, mas geralmente incluem congestão nasal, coriza, espirros, tosse, chiado no peito, olhos irritados e lacrimejantes, garganta arranhada e pele ressecada.

Além de sua presença natural, o cladosporium tem aparecido em lugares surpreendentes. Ele já foi identificado dentro de antigos Twinkies (famoso bolinho americano que muitos acreditavam ser indestrutível) e pode ser encontrado até mesmo no reator nuclear de Chernobyl. Curiosamente, cientistas acreditam que ele pode ser utilizado para fornecer proteção contra radiação no espaço.

Não viva com o mofo
Fato é que, independente da cor do mofo que você encontrar em sua casa, seu gênero e espécie não importam. Se você consegue vê-lo ou sentir seu cheiro, você precisa se livrar dele. Segundo o site oficial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para se livrar do mofo, é fundamental eliminar a umidade que favorece seu crescimento e fazer uma boa limpeza das áreas afetadas.

Veja abaixo um passo a passo que pode te ajudar:

1. Identifique a fonte de umidade

Procure por vazamentos em canos, infiltrações nas paredes ou problemas de vedação em janelas.

Resolva qualquer problema de umidade antes de começar a limpeza, ou o mofo voltará.

2. Proteja-se

Use luvas de borracha, máscara PFF2 (ou equivalente) e óculos de proteção ao lidar com mofo.

Ventile o ambiente durante a limpeza para evitar a inalação de esporos.

3. Limpeza das áreas afetadas

Para superfícies laváveis:

Misture 1 parte de água sanitária com 10 partes de água.

Aplique a solução na área mofada com uma esponja ou escova.

Deixe agir por 10 a 15 minutos e enxágue.

Para alternativas mais suaves:

Vinagre branco puro pode ser usado diretamente na área afetada. Deixe agir por pelo menos uma hora antes de limpar.

Bicarbonato de sódio diluído em água (1 colher de chá para 1 litro) também ajuda a remover manchas leves de mofo.

4. Superfícies não laváveis (paredes e gesso)

Use um pano umedecido com a solução de água sanitária ou vinagre.

Se o mofo tiver penetrado profundamente, pode ser necessário repintar a área com tinta antimofo após a limpeza.

5. Tecidos e roupas

Lave com água quente e detergente.

Adicione vinagre ou água sanitária (se o tecido permitir) durante a lavagem.

6. Prevenção

Mantenha os ambientes bem ventilados.

Use desumidificadores ou ligue ventiladores para reduzir a umidade.

Verifique periodicamente cantos úmidos, como banheiros, por sinais de mofo.

Prefira tintas antimofo para áreas propensas a umidade.

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