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Pais de Mirella e Edvaldo vão a ato contra violência em PE

Protesto "Desconforto" se refere à fala do governador, que classificou como "desconfortável" a criminalidade

Ato contra violência em PernambucoAto contra violência em Pernambuco - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

"Somos nós que sofremos o impacto dessas políticas [de enfrentamento à violência] e da falta dessas políticas". A frase, dita pela professora de direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Liana Cirne, resume o protesto realizado por cidadãos pernambucanos na noite desta quarta-feira (19) no Recife, diante do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, contra a violência recorde que assola Pernambuco.

O protesto tem uma série de apresentações culturais e a presença de parentes de vítimas fatais, como os pais de Mirella Sena e de Edvaldo Silva, assassinados recentemente, respectivamente, no Recife e na Zona da Mata Norte. Denominado "Desconforto" - referência à fala do governador Paulo Câmara, que classificou como "desconfortável" o crescimento dos índices de violência no Estado -, o ato nasceu nas redes sociais e denuncia os 1.522 homicídios e quase 500 estupros ocorridos somente este ano em Pernambuco.

Antes das apresentações, houve a entrega na sede do governo um "Manifesto pela vida e pela Segurança", solicitando um debate conjunto com a sociedade civil pernambucana e com especialistas para soluções de combate à violência. "Nós estamos sofrendo o problema da violência e queremos participar de soluções. Não acreditamos em soluções elaboradas a portas fechadas, dentro de gabinete", afirmou Liane Cirne, uma das organizadoras do ato. Ela criticou uma política baseada no processo repressivo e defendeu uma ação de prevenção à criminalidade.

O ato tem apresentação de dança de Bella Maia e Djalma Freitas, entre outros, e de música com Isaar, com o grupo Carne. Também há uma Tenda da Fé, com o frei Aloísio Fragoso, representando a crucificação das famílias das vítimas da violência. Também será executado o Hino de Pernambuco, entremeado por depoimentos de parentes de vítimas.

Entre os depoimentos, há o dos pais da fisioterapeuta Mirella, estuprada e morta aos 28 anos no flat em que morava, em Boa Viagem, no último dia 5. Também devem falar os pais de Edvaldo Silva, que morreu semana passada no hospital aos 19 anos após ter sido baleado por um PM durante protesto contra a violência em Itambé, há pouco mais de um mês.

"Vamos lutar contra a violência no Estado até o fim. Onde houver um ato, uma paralisação. Pra não cair no esquecimento, não por Mirella, mas por todas que estão
esquecidas", disse a mãe de Mirella Sena, Sueli Araújo. Também nesta quarta, ela e o marido participaram de debate sobre o machismo e contra o feminicídio na Fundação Joaquim Nabuco, onde foi abordada a falta de políticas públicas contra a violência, principalmente contra a mulher. "Quantos casos já aconteceram e estão
acontecendo e que fica no esconderijo?", observou o pai da fisioterapeuta, Wilson Araújo. "Pode podem olhar para gente aqui, 15 dias do acontecido,falando, mas só a gente sabe o que está sentindo por dentro. Só deus tem dado força pra agente engrossar esse cordão de forma que essa violência se acabe contra a mulher", afirmou, emocionado, o pai de Mirella.

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