Papa Francisco: dom Paulo Jackson destaca bom humor e servidão do líder da igreja católica
Arcebispo de Olinda e Recife se encontrou com o pontífice em fevereiro, no Vaticano
“Um grande profeta. O papa da esperança”, foi assim que o arcebispo de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson, definiu o Papa Francisco, que morreu aos 88 anos, às 2h35 (horário de Brasília) desta segunda-feira (21).
Veja momento em que sinos da Basílica do Vaticano tocam em luto pela morte do Papa Francisco
Dom Paulo Jackson embarca, hoje, para um retiro espiritual, no Norte da Galileia, em Israel, junto a 130 bispos do mundo inteiro. Ele deve voltar a Pernambuco no próximo domingo (27). Mas, antes de ir, exaltou as características mais marcantes do homem que liderou a Igreja Católica por 12 anos e que lutou contra gargalos consideráveis dentro da instituição.
“É o papa da misericórdia, da compaixão e da esperança. É assim que ele quer ser lembrado. O legado do Papa Francisco é impressionante. Ele teve ao coração dois temas muito importantes: a migração e a paz, pela qual ele lutou insistentemente, para que todas as guerras fossem destruídas e que os conflitos fossem resolvidos pelos diálogos”, frisou.
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Enquanto exerceu o papado, conforme continua dom Paulo, Francisco abordou a temática dos abusos sexuais dentro e fora da igreja. A crise econômica do banco do Vaticano também foi combatida por ele.
“Colocou no coração da igreja o tema da ecologia integral e trouxe de volta uma igreja simples e que estivesse ao lado dos pobres, que não fosse clerical e nem autorreferencial”, complementou.
O líder da Arquidiocese relembrou, durante entrevista à Folha de Pernambuco, que esteve com o Papa Francisco, em 12 de fevereiro último, durante encontro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no Vaticano.
“Estivemos juntos no dia 12. No dia 14, ele foi hospitalizado. É impressionante a marca fundamental do bom humor. É uma das características dos santos. Ele é o papa do riso aberto e do bom humor. Nós agradecemos a Deus imensamente pela grande contribuição dele à igreja e ao mundo, pelo grande estadista que foi”, falou.
O próximo papa
Sobre o próximo papa Dom Paulo Jackson explicitou a importância do respeito e do amor para com aquele que vai dirigir a instituição.
“A expectativa é por um papa que seja homem de Deus, guiado pelo Espírito Santo, que queira conduzir a igreja para onde o Espírito Santo nos quiser levar. Não importa quem vai ser. Os cardeais vão analisar o contexto do mundo, discernir na oração e no espírito para, assim, fazer a escolha. Nós amamos o Papa”, afirmou.
Evento da CNBB suspenso
Durante a fala, o arcebispo afirmou que a 62ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, promovida pela CNBB, que aconteceria na quarta-feira (30), em São Paulo, foi adiada e só deverá ser realizada em agosto.
Jackson não deverá ir ao Vaticano neste período de luto da igreja e escolha de um novo Papa, mas representantes da presidência da CNBB deverão ir à Santa Sé.
Oitava da Páscoa mantida
Segundo Dom Paulo Jackson, a programação da tradicional 'Oitava da Páscoa' está mantida. As celebrações fazem parte de um período de sete semanas, após o Domingo da Ressurreição. Nessa liturgia, a igreja celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos.
Missa em memória do Papa
Uma missa em memória à alma do Papa Francisco deve acontecer nesta terça-feira (21) em Pernambuco Ela deve ser presidida pelo bispo auxiliar de Olinda e Recife, Dom Josivaldo José Bezerra. Horário e local ainda devem ser confirmados pela Arquidiocese.
Consolo
Como mensagem final aos fiéis, Dom Paulo Jackson deseja “esperança, conforto e consolo. Ele ainda explica que a igreja católica não perdeu um Papa, mas o ganhou para Deus.
“Sobretudo, não devemos ficar choramingando, lamentando. Não é assim que o Papa Francisco quer ser lembrado. Nós o entregamos como oblação e dom de Deus. Ele sempre foi de Deus. É uma mensagem de Páscoa, viva, de ressurreição e esperança. Nós cremos que ele está em Deus e que intercede já por toda a igreja”, finalizou.
Quem foi o Papa Francisco?
Jorge Mario Bergoglio, que um dia viria a se tornar o papa Francisco, nasceu em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, filho de imigrantes italianos, da região do Piemonte, no norte da Itália.
O pai dele, Mario Bergoglio, era contador numa empresa ferroviária; a mãe, Regina Sivari, se dedicava às ocupações do lar e da educação dos cinco filhos. Jorge era o mais velho.
Bergoglio teve uma infância tradicional em Buenos Aires. Em casa, cresceu em um lar religioso. Na adolescência, concluiu o curso técnico em Química, mas logo depois seguiu o caminho do sacerdócio e entrou no seminário em Villa Devoto, um bairro da capital argentina.
Aos 17 anos, enfrentou uma grave infecção pulmonar que causou a remoção de parte de um dos pulmões. Em 11 de março de 1958, aos 21 anos, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, os jesuítas. Em 1963, ele estudou humanidades no Chile, retornando posteriormente a Buenos Aires.
Entre os anos de 1964 e 1965, Bergoglio lecionou literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição de Santa Fé e, em 1966, ensinou as mesmas matérias em um colégio de Buenos Aires. De 1967 a 1970, estudou teologia. Em 13 de dezembro de 1969, foi ordenado sacerdote.
Bergoglio ainda foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, entre 1980 e 1986. Após completar a tese de doutorado na Alemanha, serviu como confessor e diretor espiritual em Córdoba, a segunda cidade mais populosa da Argentina.
Em 1992, Bergoglio foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. Em 1997, ele foi nomeado arcebispo titular de Buenos Aires.
Ainda atuou como presidente da Conferência Episcopal da Argentina (equivalente à CNBB do Brasil) de 2005 até 2011.
Em 2001, Bergoglio foi criado cardeal pelo então papa João Paulo II (1920-2005), sendo um dos primeiros novatos nesse posto no terceiro milênio.
Seu episcopado na Arquidiocese de Buenos Aires teve como foco um projeto missionário centrado na comunhão e na evangelização, segundo o Vaticano. O objetivo do arcebispo Bergoglio era “reevangelizar” Buenos Aires, convidando sacerdotes e leigos a trabalharem juntos.

