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ROMA

Papa Francisco não quis que Vaticano arcasse com funeral, e, sim, um 'benfeitor'; quem é o doador?

Em testamento, jesuíta detalhou vontade de ter um sepulcro simples, sem ornamentos especiais e com uma única inscrição: 'Franciscus'

Papa FranciscoPapa Francisco - Foto: Filippo Monteforte/ AFP

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Em testamento, o Papa Francisco definiu exatamente como desejava ser enterrado. Conhecido pela defesa à população mais vulnerável, o jesuíta argentino determinou que gostaria de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, sem ornamentos especiais e com uma única inscrição em seu túmulo: “Franciscus”.

Entre as determinações do Pontífice, que morreu na madrugada desta segunda-feira, dia 21 de abril, aos 88 anos, está, ainda, que os custos de seu sepultamento serão cobertos por um benfeitor — e não pelo Vaticano, como tradicionalmente é feito.

Quem é o benfeitor determinado pelo Papa Francisco?
Francisco ordenou que fosse usado apenas um caixão, feito de madeira e zinco. E indicou que um benfeitor arcaria com os custos do sepultamento. O benfeitor é um doador anônimo, alguém que ofertou uma quantia destinada pelo Papa à sua sepultura.

Vaticano divulga fotos do Papa Francisco no caixãoVaticano divulga imagens do Papa Francisco no caixão - Foto: Divulgação/Vaticano/AFP

Embora não se saiba se esta é a primeira vez que um Papa ordena que o Vaticano se abstenha dos custos do enterro, a decisão é rara, sem precedentes recentes, e indica que Francisco preferiu que as despesas não recaíssem sobre a Santa Sé.

Francisco não quis ser sepultado na Basílica de São Pedro e nem nas grutas sob o Vaticano — onde a maioria de seus antecessores foi enterrada —, mas em uma Basílica localizada do outro lado da cidade de Roma.

Ele sempre demonstrou afeto pelo local, dedicado a Maria, por onde passava para orar sempre após internações, antes de ir e ao retornar de viagens. Sua última passagem por lá foi feita após a sua internação no hospital Gemelli, em 23 de março.

Apenas outros cinco Papas tiveram seus restos mortais enterrados no local: Clemente VIII, Clemente IX, Paulo V, Sixto V, Pio V, Nicolau IV e Honório III. A Basílica de São Pedro, por sua vez, abriga quase 100 Pontífices, incluindo o Papa Bento XVI, antecessor de Francisco, que renunciou em 2013 e morreu em 2022. Assim como os Papas anteriores, Bento XVI foi sepultado em três caixões: um de cipreste, um de zinco e um de olmo, encaixados uns dentro dos outros.

Leia o testamento de Francisco na íntegra:

“Em nome da Santíssima Trindade. Amém.

Sentindo que se aproxima o ocaso da minha vida terrena e com viva esperança na Vida Eterna, desejo expressar minha vontade testamentária unicamente no que diz respeito ao local da minha sepultura.

Minha vida e o ministério sacerdotal e episcopal confiei sempre à Mãe do Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que meus restos mortais repousem, na espera do dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior.

Desejo que minha última viagem terrena se conclua justamente neste antiquíssimo santuário mariano, onde eu ia rezar no início e no fim de cada Viagem Apostólica, para confiar com fé minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecer-Lhe pelo cuidado dócil e materno.

Peço que minha tumba seja preparada no lóculo da nave lateral entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza, da mencionada Basílica Papal, conforme indicado em anexo.

O sepulcro deve ser na terra; simples, sem ornamentos especiais, e com a única inscrição: Franciscus.

As despesas com a preparação da minha sepultura serão cobertas com a quantia do benfeitor que determinei transferir para a Basílica Papal de Santa Maria Maior e da qual providenciei instruções apropriadas a Dom Rolandas Makrickas, Comissário Extraordinário do Capítulo Liberiano.

Que o Senhor conceda a devida recompensa àqueles que me quiseram bem e que continuarão a rezar por mim.

Ofereço ao Senhor o sofrimento que se fez presente na última parte da minha vida, pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.”

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