Sáb, 06 de Dezembro

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CATOLICISMO

"Homem simples, de poucas palavras e que escuta muito", diz dom Paulo Jackson sobre papa Leão XIV

Arcebispo de Olinda e Recife já se encontrou com o cardeal Prevost

Dom Paulo Jackson é o arcebispo de Olinda e RecifeDom Paulo Jackson é o arcebispo de Olinda e Recife - Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

Otimista e esperançoso com o novo tempo que se abre para a Igreja Católica Apostólica Romana, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson, falou sobre as expectativas do ministério do papa Leão XIV, eleito no conclave e anunciado na última quinta-feira (8).

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Na primeira entrevista após a divulgação do novo pontífice, o líder local da Igreja relembrou momentos em que encontrou com o cardeal estadunidense Robert Francis Prevost, de 69 anos.

Para o arcebispo, a escolha de Prevost vem com uma certa surpresa, uma vez que ele não estava entre os "favoritos" a assumir o papado. Dom Paulo reitera que a escolha de Leão XIV é de inteira responsabilidade do Espírito Santo que, segundo ele, “opera e trabalha como quer”.

“A escolha do nome ‘Leão XIV’, muito provavelmente, é uma alusão ao papa Leão XIII [exerceu entre 1878 e 1903], que iniciou a doutrina social da igreja. Mas pode ser também uma alusão a Frei Leão, amigo de São Francisco de Assis, como uma espécie de analogia à amizade de Prevost com o papa Francisco. A igreja tem no ministério do papa o ministério da unidade”, iniciou ele.

Quando se refere à unidade, Jackson quer dizer que, independentemente do nome que vier a exercer o pontificado, todos se alegram e respeitam a autoridade e o ministério. Prevost e dom Paulo já estiveram juntos em pelo menos quatro oportunidades, uma delas quando o agora papa veio ao Brasil.

Visita da presidência da CNBB a Roma, em janeiro de 2025. Da direita para a esquerda, Dom Paulo Jackson, 2⁰ vice-presidente da CNBB e arcebispo de Olinda e Recife; Dom João Justino, 1⁰ vice-presidente da CNBB e Arcebispo de Goiânia; cardeal Prevost, agora papa Leão XIV; Dom Ilson Montanari, secretário do Dicastério para os Bispos; Dom Jaime Spengler, presidente da CNBB e Arcebispo de Porto Alegre; e dom Hoepers, secretário da CNBB e Bispo Auxiliar de Brasília | Foto: Reprodução/Instagram

“Ele é um homem simples, de poucas palavras. Um bom ouvinte. Escuta muito e fala de modo muito assertivo e ponderado. Fiquei muito feliz [ao receber a notícia] e o acolho com toda alegria do meu coração”, ressalta Jackson.

Vezes em que dom Paulo Jackson e o então cardeal Prevost estiveram juntos

Ainda durante a entrevista, dom Paulo Jackson falou sobre novas possibilidades de encontros com o novo papa. Entre as possibilidades, está o dia 29 de junho, quando acontece o "Jubileu dos Bispos", na Santa Sé, em Roma.

“Muito provavelmente, estaremos juntos em janeiro de 2026, como presidência da CNBB, como acontece em todos os anos. Nós visitamos os Dicastérios e há também um encontro com o santo padre, o papa. Ainda estou discernindo se irei ao ‘Jubileu dos Bispos’”, complementou.

Pautas do novo pontífice
Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Robert Francis Prevost teve a experiência eclesial aprimorada na Diocese de Chiclayo, uma cidade do interior do Peru. Ele faz parte, há quase cinco décadas, da Ordem de Santo Agostinho (O.S.A) e foi nomeado como cardeal em setembro de 2023, há 1 ano e 8 meses.

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Dom Paulo Jackson acredita que a experiência vivida em solo peruano marcou profundamente a vida de Leão XIV, o que o teria motivado a falar em espanhol, no primeiro discurso de papado, se dirigindo ao povo que o acolheu nos últimos anos.

“Ele é um homem aberto, tem uma teologia arejada, profundamente em sintonia com as grandes intuições do papa Francisco, mas, ao mesmo tempo, alguém não se torna papa sem ter uma originalidade. Ele vai apresentar ao mundo a sua originalidade”, destaca.

Embora seja alinhado às questões sociais, Leão XIV tem algumas diferenças relacionadas a Francisco nos campos dos costumes, da moral, sexual e familiar. 

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“Ele parece ter posturas distintas em relação aos casais homoafetivos e em segunda união. Vamos esperar para ver qual vai ser a orientação que ele vai dar para a Igreja”, sugere.

Abertura ao diálogo intercultural
O papa Leão XIV fala diversos idiomas com boa fluência. Além de inglês, ele sabe se pronunciar em espanhol, francês e até mesmo português, evidenciando a vinculação profunda que tem com a igreja no Brasil.

“A igreja do Brasil na América Latina é tida como, de fato, uma experiência eclesial muito rica, servindo de referencial para todo o mundo. É interessante que ele [o papa] não tenha falado [durante o primeiro discurso] para a língua nativa dele. Não tenha se dirigido aos Estados Unidos. O presidente Trump, por exemplo, disse que é uma grande honra tê-lo como papa norte-americano. Vamos esperar para ver como é que fica a relação do papa Leão XIV e da própria Santa Sé com Donald Trump, que nem sempre é muito fácil de lidar”, apontou.

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