PF mira contrato de R$ 18,8 milhões fechado com a própria corporação por empresa alvo de operação
Policiais cumpriram 26 mandados de busca e apreensão. Firma tem ao todo cinco acordos vigentes com a instituição
A Polícia Federal realizou nesta terça-feira uma operação que mira um contrato firmado por uma empresa com a própria corporação. A firma, R7 Facilities, fica em Brasília e o contrato na mira da polícia soma R$ 18,8 milhões, sendo pouco mais da metade de um termo aditivo firmado neste mês e vigente até fevereiro de 2025.
A contratação é para prestação de serviço de assistente administrativo nos prédios da PF no Distrito Federal. A empresa possui, ainda, ao menos outros quatro contratos com a PF que somam R$ 4,2 milhões. Todas as contratações em questão são no âmbito de um mesmo pregão realizado em 2023.
Um dos contratos foi firmado em maio do ano passado com previsão de vigência até maio deste ano. O valor é R$ 2,1 milhões também para prestação de serviços terceirizados. A mesma empresa também foi contratada para fornecer motoristas para os edifícios da PF no Distrito Federal. A contratação de R$ 914,3 mil foi feita em outubro do ano passado, com prazo até outubro deste ano.
A PF informou que está "adotando as medidas necessárias para evitar prejuízos à continuidade dos serviços prestados". Os fatos investigados pela corporação podem configurar crimes de frustração do caráter competitivo de licitação, uso de documentos falso, falsidade ideológica e estelionato contra a administração pública.
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A R7 Facilities possui ao menos 54 contratos com o governo federal que somam R$ 557,7 milhões. Foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão, tendo como um dos alvos o ex-deputado distrital Carlos Tabanez, policial civil aposentado. As investigações começaram em abril de 2024 e atingem empresas identificadas como sendo do mesmo grupo. Elas possuem vínculos societários, familiares e trabalhistas e, segundo apuração, teriam se associado para a prática de fraudes em licitações.
Conforme a PF, o grupo usava "laranjas" como sócios para ocultar os verdadeiros proprietários. "Os investigados teriam utilizado falsa declaração de dados perante a administração pública para obter benefícios fiscais, garantindo assim vantagem indevida frente a outros concorrentes", informou a PF.
A operação conta também com a Controladoria-Geral da União (CGU), que informou que iniciou apuração após a publicação de notícias sobre irregularidades relacionadas à empresa no contrato firmado para manutenção da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Na época, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou reportagens mostrando que a empresa tinha contrato para atuação no presídio, onde houve fuga de detentos, mas estava registrada em nome de um laranja em Brasília.

