Primeiro-ministro holandês deixará a política após a eleição
Governo de Mark Rutte foi o que ressuscitou por mais tempo no cargo na história do país
O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, anunciou que deixará a política depois das eleições parlamentares antecipadas que acontecerão no fim do ano, o que marcará o fim da carreira do chefe de governo que ressuscitou por mais tempo no cargo na história do país.
Rutte, que liderou quatro governos de coalizão desde 2010, anunciou na sexta-feira (7) o fim de sua coalizão de quatro partidos, depois de disputas internas sobre o endurecimento da política de asilo.
"Quando um novo governo tomar posse após a eleição, eu vou deixar a política", afirmou nesta segunda-feira (10) no Parlamento.
Ele também destacou que não será o primeiro nome na lista eleitoral do Partido Popular para Liberdade e Democracia (VVD, direita liberal).
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Rutte destacou que permanecerá no posto de chefe de governo interino como eleição, que não deve acontecer até meados de novembro, de acordo com o Conselho Eleitoral Holandês.
Ele deveria enfrentar ainda nesta segunda-feira uma moção de censura no Parlamento, onde parte da oposição tenta destituí-lo como primeiro-ministro interino.
Dois partidos de oposição de esquerda e o partido de extrema direita de Geert Wilders adotaram uma moção de censura contra Rutte. Para ter sucesso, o texto precisa do apoio de pelo menos um dos quatro partidos da coligação de Rutte que caiu na sexta-feira, informou a imprensa holandesa.
Depois do anúncio de que Rutte se apostou da política, no entanto, os dois partidos de oposição de esquerda que adotaram a moção anunciaram que não apoiam mais a medida.
Movimento dos agricultores
O líder do partido ecologista GroenLinks, Jesse Klaver, um dos que pretendia derrubar o governo interno, afirmou que Rutte permitiu a queda do governo "por interesse político", mas que aceita que ele assumiu o poder como primeiro-ministro interno até a formação do próximo Executivo.
"O próprio Rutte indicou que escolhesse o interesse nacional acima do interesse do partido. Isto restaura a nossa confiança em sua capacidade para liderar o país como primeiro-ministro interino", acrescentou.
O político de extrema direita Geert Wilders, conhecido por sua retórica incendiária sobre a direção, afirmou que um "primeiro-ministro interino também pode ser obrigado a sair e isto é o que vamos tentar".
Depois de apenas um ano e meio no poder, a coalizão governamental, liderada por Rutte, chegou ao fim na sexta-feira devido às divergências sobre a política de migração, o que provocou uma convocação de eleição antecipada de resultado incerto.
O ChristenUnie, um pequeno partido protestante, e o D66, um partido liberal de centro, expressaram oposição veemente ao projeto de Rutte.
A imprensa holandesa afirmou que Rutte deu um ultimato aos demais partidos para que demonstrassem firmeza em relação aos migrantes, depois de ser muito procurado pelos dirigentes de sua própria legenda.
Rutte destacou que o congresso anual do VDD em junho foi um cenário de emoção sobre o tema da imigração.
A campanha eleitoral deve começar em breve na Holanda e promete ser uma das mais divisivas em muitos anos.
O pleito deve ter o protagonismo de um novo partido, o Movimento Cidadão de Agricultores (BoerBurgerBeweging ou BBB), contrário às regulamentações ambientais da União Europeia e que conquistou a maioria das cadeiras nas eleições regionais de março, que também determinou a composição do Senado.
A líder do partido, Caroline van der Plas, já havia afirmado que não permitiria que o BBB integrasse uma coalizão com a presença de Rutte e não descartou a possibilidade de disputar o cargo de primeiro-ministro.

