Projeto lança questionário para analisar o impacto da desinformação nas pessoas com deficiência
A segunda edição do projeto Checagem Acessível aposta no uso da tecnologia para construir uma ferramenta inovadora e inclusiva
O Instituto de Acessibilidade Comunicacional (Inova.aê) lançou, neste mês de janeiro, um questionário para entender os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência com a propagação de desinformação e as consequências das fake news.
A iniciativa, que chega a sua segunda edição, faz parte do projeto Checagem Acessível, iniciativa que busca contribuir para tornar o ambiente digital mais inclusivo.
Em sua primeira fase, o Checagem Acessível realizou pesquisas junto a agências de jornalismo e pessoas com deficiência, identificando lacunas significativas na acessibilidade digital em portais de checagem de fatos. O estudo indicou que 80% das organizações nunca haviam realizado diagnósticos de acessibilidade em sua estrutura ou conteúdo.
A pesquisa indicou ainda que nenhuma das organizações tinham pessoas cegas, com baixa visão ou surdas em suas equipes e não eram realizadas ações para a inclusão desses grupos nas redações.
“Os resultados da pesquisa nos mostram a necessidade de promover a conscientização sobre a importância da inclusão e da diversidade, e da capacitação dos jornalistas em acessibilidade comunicacional e digital. Vivemos tempos em que é crucial fortalecer o senso crítico da população, através da educação midiática, mas não adianta reforçar a necessidade da checagem, sem que os portais de notícias sejam acessíveis a todos”, pontuou Mariana Clarissa, diretora de projetos da Inova.aê.
Leia também
• Pernambuco: aumento dos acidentes com trabalhadores por app é pauta de audiência
• Blitz educativas marcam volta às aulas de colégios particulares, nas Graças, Zona Norte do Recife
• Esportes de praia: conheça as modalidades, dicas para iniciar e cuidados durante a prática
Com a nova etapa, a Inova.aê analisará os resultados colhidos no questionário para torná-los base para o desenvolvimento de ferramentas inovadoras e com base tecnológica que contribuam para um ambiente digital mais acessível e confiável.
“O objetivo do formulário é compreender como esse público consome informações e identificar estratégias utilizadas para lidar com a desinformação”, ressaltou Larissa Pontes, presidente do Instituto.
O formulário para pessoas com deficiência auditiva e surdas pode ser acessado neste link. Já o questionário para pessoas com deficiência visual pode ser acessado aqui.
É possível participar da pesquisa e responder o formulário até o dia 22 de fevereiro.
Acessibilidade
Com base em outros estudos, como a realizada pelo Movimento Web para Todos (MWPT), em parceria com a BigData Corp, em 2021, apenas 0,46% dos 21 milhões de sites ativos no país eram acessíveis.
Em 2022, o índice subiu timidamente para 0,50%, atingindo 3,3% em 2023, mas recuou para 2,9% em 2024. Os dados refletem uma contradição alarmante: embora a acessibilidade seja uma exigência legal desde 2015, conforme a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), sua implementação efetiva ainda é insuficiente.
“Os desafios vão além da tecnologia. É necessário conscientizar desenvolvedores, jornalistas e gestores sobre a importância de criar conteúdos acessíveis e combater a desinformação de forma inclusiva”, afirma Mariana Clarissa.
“É possível construir caminhos para uma sociedade mais informada e inclusiva. O combate à desinformação não pode ignorar o direito à acessibilidade, e garantir que todos tenham acesso igualitário à informação é um passo essencial para transformar o cenário digital brasileiro”, completou Larissa.