Confusão generalizada marca protesto por moradia no Recife
Manifestantes tentaram invadir sede da gestão municipal
Representantes de oito movimentos populares por moradia marcaram a terça-feira (14) com diversos protestos no Centro do Recife em prol da causa. Os primeiros passos da manifestação aconteceram, simultaneamente, no cruzamento das avenidas Norte e Cruz Cabugá e na Ponte Maurício de Nassau.
Logo após, seguiram rumo à sede da Prefeitura do Recife, onde buscavam ser atendidos pelo prefeito da capital pernabucanam, João Campos (PSB), ou por seu vice, Victor Marques (PCdoB).
Porém, além de interditar o trânsito da Avenida Cais do Apolo, a manifestação foi marcada por confusão generalizada e pancadaria. O grupo é composto por 600 famílias que fazem cerca de 110 ocupações somente na capital pernambucana.
Mulher ferida na cabeça
Enquanto os manifestantes tentavam entrar no prédio da gestão, uma mulher ficou ferida na cabeça. Ela foi identificada como Sandra Cristina e seria moradora de Peixinhos, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife. Prontamente, foi socorrida por policiais militares para o Hospital da Restauração (HR), no Derby, na área central da cidade.
Segundo o lider do Movimento de Luta Pela Moradia em Pernambuco (MLM-PE), Alexandre Alves, uma comissão já teria conversado com secretários anteriormente sobre a situação deles, e a manifestação só teria ganhado fôlego devido a não contemplação deles na construção de um habitacional que vai ser erguido no Caiara, Zona Oeste, com cerca de 1.300 unidades habitacionais.
Alexandre é líder do MLM-PE | Foto: Arthur Botelho/Folha de Pernambuco“Quando soubemos [da construção do habitacional], tentamos diálogo com a Prefeitura do Recife em relação a esse empreendimento e não houve definição. Então hoje, a Frente Popular, junto com esses movimentos, se reuniu e veio reivindicar o direito por moradia”, comentou.
Ainda durante a entrevista, Alves disse que João Campos (PSB) é “um excelente prefeito que vem fazendo história e mudanças no Recife, em relação a equipamentos de saúde e educação”.
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Questionado sobre a participação da mulher que foi ferida na cabeça, pelo fato de ela residir em outra cidade reivindicando moradia no Recife, o líder comentou que ela fazia parte de uma ocupação na Avenida Norte, antes de ir morar no município vizinho.
“Ela ocupava o local onde está sendo construída uma UPAE [Unidade Pernambucana de Atenção Especializada]. Eram cerca de 250 famílias. Ela foi alugar uma casa em Peixinhos, mas ela é do Recife. O NIS [Número de Identificação Social] dela é do Recife e ela também vota aqui”, complementou.
“Tem pessoas de Olinda e Paulista aqui, porque somos um movimento estadual. Quando há uma atividade, é praxe um movimento chamar outras famílias para apoiar”, finalizou ele.
Com a palavra, a Prefeitura do Recife
Por meio de nota, a gestão municipal afirma que não compactua com quaisquer atos de violência e mantém o diálogo permanente com os movimentos sociais.
Sobre a mulher ferida na cabeça, a prefeitura disse que vai apurar o ocorrido e está à disposição pra receber uma comissão de representantes do protesto para ouvir e avaliar suas demandas.
“A atual gestão executa a maior política habitacional da história da cidade e, nos últimos meses, começou as obras dos habitacionais Caranguejo Tabaiares, Comunidade do Bem 1 e 2, São José e Vila Aeronáutica 1 e 2, além de ter entregue o conjunto Papa Francisco. No total são mais de 5 mil unidades habitacionais viabilizadas desde 2021, entre obras concluídas, em andamento, aprovadas junto ao Governo Federal e garantidas na PPP Morar no Centro”, frisa o comunicado.
CTTU auxilia
O trânsito ainda não foi liberado pelos protestantes e, mesmo a mobilização tendo perdido força, eles ameaçam voltar aos dois sentidos da via, até que sejam recebidos pelos gestores. Agentes da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) auxiliam os condutores.
E como está a mulher que ficou ferida na cabeça?
A cunhada de Sandra, Tatiana Raquel, que é presidente do Movimento dos Trabalhadores por Moradia Digna, disse que a vítima está acordada, mas tonta. Ela ainda se encontra no HR.
“Ela ainda vai fazer uma tomografia, porque perdeu muito sangue. Sandra está falando, acordada, mas segue tonta, porque foi grande a pancada na cabeça. Ela não tomou medicação, mas já foi atendida pelo médico. Vamos esperar o resultado do exame”, contou à Folha.









