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BRASIL

Seis espécies de felinos silvestres são registradas juntas pela primeira vez no Rio de Janeiro

Câmeras do Projeto Aventura Animal captaram imagens inéditas no Parque Estadual da Serra da Concórdia, que abriga desde a onça-pintada até o pequeno gato-do-mato

Imagens inéditas captadas no Parque Estadual da Serra da Concórdia mostram desde a onça-pintada até o pequeno gato-do-mato, revelando a força da Mata Atlântica Imagens inéditas captadas no Parque Estadual da Serra da Concórdia mostram desde a onça-pintada até o pequeno gato-do-mato, revelando a força da Mata Atlântica  - Foto: Divulgação/Inea

Pela primeira vez, seis espécies de felinos silvestres foram registradas convivendo no mesmo território no Estado do Rio. Entre julho e agosto deste ano, câmeras do Projeto Aventura Animal captaram imagens inéditas no Parque Estadual da Serra da Concórdia, no Centro-Sul fluminense, unidade administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), de onça-pintada, onça-parda, jaguatirica, jaguarundi, gato-maracajá e gato-do-mato-pequeno. O flagrante histórico reforça a importância da unidade de conservação para a proteção da Mata Atlântica e das espécies ameaçadas.

Os equipamentos, ativados à distância, registram imagens em alta resolução, permitindo que pesquisadores e gestores do parque acompanhem de perto a fauna local. Além de auxiliar em estudos científicos, os registros se tornam uma ferramenta importante de educação ambiental.

“A presença desses felinos é uma demonstração de que estamos no caminho certo quanto às nossas políticas públicas voltadas para a conservação da diversidade biológica. É a prova de que a gestão pública ambiental, quando feita com ciência, planejamento e presença em campo, gera resultados concretos para a biodiversidade e para as futuras gerações”, destacou o secretário estadual do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.

 

O registro ganha ainda mais relevância pelo fato de cinco dessas espécies estarem ameaçadas de extinção. A onça-pintada, maior felino das Américas, figura como “criticamente em perigo” na lista estadual de espécies ameaçadas, segundo o Inea. Já a onça-parda e o gato-maracajá são classificados como “vulneráveis” no mesmo levantamento. Em nível nacional, o jaguarundi e o gato-do-mato-pequeno também aparecem como “vulneráveis”.

Para o diretor do Projeto Aventura Animal, Juran Santos, as imagens reforçam a riqueza da fauna fluminense:

“Essas imagens comprovam a riqueza da nossa fauna, e que o parque proporciona condições ambientais para mantê-los, inclusive a onça-pintada, que está retornando para o Estado do Rio”, afirmou.

A conquista foi celebrada também pelo corpo técnico do Inea, que disse que este é um registro que consagra anos de dedicação da Diretoria de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas.

"Ver as seis espécies de felinos silvestres do Estado no mesmo território significa que nossas áreas protegidas estão cumprindo seu papel de proteger e restaurar a Mata Atlântica, oferecendo equilíbrio e abrigo para espécies-chave do ecossistema”, afirmou Cleber, diretor de Biodiversidade do instituto.

Marco Gonçalves, gerente de Fauna do Inea, complementa que a coexistência dos felinos no mesmo espaço é um sinal de que a floresta está saudável.

"Uma onça-pintada pode pesar mais de 100 kg, enquanto o gato-do-mato pesa em torno de 3 kg. É a prova de que a Mata Atlântica volta a promover abrigo e segurança para espécies tão importantes para o ecossistema”, explicou.

Refúgio da Mata Atlântica
Criado em 2002 e ampliado em 2016, o Parque Estadual da Serra da Concórdia protege hoje 5.950 hectares de Mata Atlântica, abrangendo áreas dos municípios de Valença e Barra do Piraí. Entre seus principais objetivos estão a preservação de espécies endêmicas e ameaçadas, a integração de corredores ecológicos para garantir a diversidade biológica e a proteção dos recursos hídricos da região.

Com as recentes imagens, o parque reforça seu papel como um dos principais refúgios da fauna fluminense. O retorno da onça-pintada ao território do Rio é, para pesquisadores e gestores, um símbolo de esperança: um sinal de que, mesmo sob ameaças históricas de desmatamento e fragmentação, a Mata Atlântica ainda pode se regenerar e oferecer um futuro às espécies que nela habitam.

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