Trump sugere que pode haver "algumas exceções" à tarifa mínima de 10%
Presidente americano não dá detalhes e minimiza semana turbulenta nos mercados
O presidente americano, Donald Trump, afirmou na noite desta sexta-feira que pode oferecer “algumas exceções” às tarifas mínimas de 10% para parceiros comerciais dos Estados Unidos — mesmo tendo reforçado que essa alíquota está “bem perto” de um piso para países que busquem negociar acordos comerciais.
— Poderia haver algumas exceções, por motivos óbvios, mas eu diria que 10% é um piso — disse Trump a repórteres no avião Air Force One, a caminho da Flórida.
Ele não explicou quais seriam os “motivos óbvios”, nem sinalizou qualquer nova mudança em sua política tarifária.
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Os comentários de Trump coroam uma semana tumultuada para mercados de ações e títulos, além de levar mais incerteza a países, investidores e empresas tentando entender as políticas comerciais do presidente. Na quarta-feira, horas depois de seu amplo tarifaço entrar em vigor, ele anunciou o adiamento das taxas por 90 dias, depois de ver os mercados desabarem devido ao receio de que as tarifas possam devastar a economia global.
Enquanto a China, a segunda maior economia do mundo, enfrenta uma sobretaxa de 145%, Trump manteve a tarifa mínima de 10% para os demais países, enquanto os governos correm para tentar um acordo comercial.
O Brasil já estava sujeito à alíquota mínima de 10%, conforme o anúncio do tarifaço, em 2 de abril. Essa taxa entrou em vigor no último dia 5.
Na sexta-feira, as Bolsas americanas apagaram suas perdas e encerraram na melhor semana desde 2023. O índice S&P 500 avançou 1,8% depois que a presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) disse que a autoridade monetária estava pronta para ajudar a estabilizar os mercados, se necessário. Mas a volatilidade, aparentemente, não vai ceder tão cedo.
Trump minimizou a montanha-russa dos mercados na sexta-feira:
— Acho que os mercados ficaram firmes hoje. Acho que as pessoas estão vendo que estamos em grande forma.
Ele ainda repetiu que o dólar vai “sempre” ser “a moeda preferida”:
— Se um país disser “não ficaremos com o dólar”, eu digo que, com um telefonema, eles voltarão para o dólar. É preciso sempre manter o dólar.
Trump também minimizou a forte oscilação nos títulos do Tesouro americano, os Treasuries, afirmando que o mercado de títulos “teve um pequeno problema, que eu resolvi muito rapidamente.”
Mas, mesmo com o alívio temporário para outros parceiros comerciais, as tarifas de 145% para a China levarão a taxa média dos EUA a níveis históricos, segundo a Bloomberg Economics. A disputa entre os dois países ameaça um comércio de US$ 690 bilhões.
Na sexta-feira, Pequim elevou suas tarifas sobre produtos americanos de 84% para 125%, em uma tréplica à Casa Branca. A China disse que não vai mais elevar suas taxas, mas prometeu “lutar até o fim” com outras medidas, não especificadas.
— Acho que algo positivo vai acontecer — disse Trump a repórteres ao ser perguntado sobre a disputa com a China, acrescentando que o presidente Xi Jinping é “um líder muito bom, um líder muito esperto.”

