Bancada evangélica sai em defesa de Malafaia após operação da PF
Coordenador, Gilberto Nascimento (PSD-SP) disse que o momento é de 'solidariedade'
Lideranças da bancada evangélica do Congresso criticaram a operação da Polícia Federal contra o pastor Silas Malafaia, nesta quarta-feira, após desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Ele retornava de um voo de Lisboa.
Segundo decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), as condutas de Silas Malafaia, "em vínculo subjetivo" com o ex-presidente Jair Bolsonaro, "caracterizam claros e expressos atos executórios" dos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
Também nesta quarta-feira, a PF indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no âmbito desta mesma investigação que atinge Malafaia. Eles são alvos por suspeita de atuação junto ao governo dos Estados Unidos para coagir integrantes da Corte em troca de perdão pela tentativa de golpe de Estado.
Mensagens trocadas entre Bolsonaro e o pastor confirmam, segundo a PF, que os dois atuaram para coagir a Justiça Brasileira no curso do processo sobre a trama golpista. Os investigadores apontam que há "fortes indícios" de participação do religioso na "empreitada criminosa" de intimidar ministros do STF por meio de sanções nos Estados Unidos.
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Ex-líder da bancada evangélica no Congresso, o deputado Eli Borges (PL-TO) contestou a decisão de Moraes.
— Vejo tudo isso aterrorizado e com indignação. Alexandre de Moraes é injusto e age como quer contra uma voz da nossa democracia que é o Malafaia, vítima de exercer a sua liberdade de expressão — disse.
O coordenador da bancada evangélica, Gilberto Nascimento, disse que o momento é de "solidariedade"
— Foi uma coisa que aconteceu agora, estamos observando e logicamente que a Frente Parlamentar Evangélica e os demais deputados prestam solidariedade a ele. Em um momento como esse, a solidariedade se junta — disse.
Em julho deste ano, por exemplo, o pastor enviou uma mensagem a Bolsonaro, avisando que iria publicar um vídeo nas redes sociais sobre o tarifaço anunciado na época pelo presidente norte-americano Donald Trump.
"Presidente, você voltou para o jogo. Podem usar bravatas aqui, vão ter que sentar na mesa para negociar. Você é o cerne da questão. Quem é o Brasil para peitar os EUA? Mico contra um gorila. O vídeo que vou postar daqui a pouco eu vou ao cerne da questão. A próxima retaliação vai ser contra ministros do STF e suas famílias. Vão dobrar a aposta apoiando ditador? DUVIDO", escreveu Malafaia a Bolsonaro, na ocasião.
Para a PF, a análise do material probatório identificou que Malafaia "vem atuando de forma livre e consciente, em liame subjetivo com os demais investigados, na definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, bem como no direcionamento de ações coordenadas que, em última instância, visam coagir os membros da cúpula do Poder Judiciário, de modo a impedir que eventuais ações jurisdicionais proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) possam contrapor os interesses ilícitos do grupo criminoso".

