Bolsonaro pede CPMI do INSS em propaganda do PL e menciona irmão de Lula
Em gravações divulgadas nas redes do partido, ex-presidente disse que "aposentadoria é sagrada" e afirmou que "quem rouba, não cuida"
O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu a instalação da CPMI do INSS no Congresso para a responsabilização dos envolvidos em novas propagandas eleitorais do PL divulgadas nesta terça-feira.
Em um dos vídeos, também há menção ao irmão do presidente Luiz Inácio Lula, o Frei Chico, que atua na direção de uma das associações investigadas pela Polícia Federal. A instalação da comissão depende da leitura do requerimento de abertura durante uma sessão que reunirá representes da Câmara e do Senado, prevista para acontecer no dia 17 de junho.
No primeiro vídeo, Bolsonaro conversa e revisa o contracheque de dois idosos que relatam terem sido vítimas de descontos não autorizados nos últimos anos. Ao criticar o governo por não coibir o esquema, ele faz menção ao familiar de Lula:
— O desconto vem dos sindicatos e associações que se dizem defensores dos aposentados e pensionistas, mas, na verdade, a gente vê que há outra intenção, né? Até o irmão do Lula está em um desses sindicatos que descontava dos aposentados — disse Bolsonaro. — Não existe crime mais terrível no país do que assaltar uma pessoa idosa.
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A entidade em questão é o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), dirigida por Frei Chico desde 2018 e cuja arrecadação somou R$ 90 milhões em 2023. Em nota divulgada após a operação da Polícia Federal (PF) que expôs o esquema, no mês passado, a organização afirmou que foi a autora de denúncias sobre irregularidades e que, por isso, apoiaria as investigações.
— Nós temos como lema que a aposentadoria é sagrada. Quem rouba, não cuida. Então, lamentavelmente, esse governo que está aí não cuida dos idosos. Pode ter certeza de que muitos parlamentares estão indignados por isso também e nós vamos tomar providência de modo que esse desconto saia do seu contracheque e o que a senhora pagou volte também. E tem que tirar dos sindicatos e dessas associações também.
Em uma segunda propaganda, veiculada na TV nesta terça-feira, o presidente cobra diretamente pela abertura da CPMI para a responsabilização das associações acusadas de integrarem o esquema.
— Nós queremos na CPM, que o PT não assinou, esclarecer todos esses assuntos e, mais ainda, cobrar dos sindicatos e associações cada centavo surripiado dos inativos e pensionistas — afirmou ele.
O requerimento de abertura da comissão foi protocolado no início deste mês, com assinaturas de 41 senadores e 236 deputados. A instalação do colegiado, no entanto, depende do aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que afirmou que permitirá a leitura do requerimento de abertura da CPMI na próxima sessão conjunta do Congresso, daqui a três semanas.
Como O Globo mostrou, este prazo atenderia a estratégia do governo federal, que articulava nos bastidores para adiar a instalação do colegiado. O objetivo era ganhar tempo e reorganizar sua base aliada antes do início dos trabalhos

