Boulos diz que tarifa zero nos ônibus proposta por Nunes tem viés eleitoreiro
Prefeito de São Paulo anunciou medida na manhã desta quinta-feira; pré-candidato nas eleições de 2024, o deputado federal acusa seu adversário de reciclar uma proposta antiga
Líder nas pesquisas para a prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) acusou o prefeito e adversário, Ricardo Nunes (MDB) de reciclar uma proposta de sua campanha em 2020. Em entrevista ao Globo, o parlamentar afirmou que a implementação da tarifa zero nos ônibus da capital paulista tem "viés eleitoreiro".
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— Há três anos quando fui candidato a prefeito, a posição dos meus adversários era de que a tarifa zero era algo utópico, impossível. Como Nunes chegou ao fim do mandato com uma avaliação ruim, sem ter uma marca ou qualquer legado, está tentando essa caridade — disse Guilherme Boulos.
De fato, entre o primeiro e segundo turno das eleições municipais de 2020, Boulos defendeu a tarifa zero. À época, em agenda de campanha em uma estação de metrô na zona sul, ele afirmou que seria possível conceder a gratuidade caso a "mafia do transporte" fosse enfrentada.
Nesta quinta-feira, o deputado federal também ponderou que a tarifa zero precisa seguir um planejamento para não sobrecarregar os demais meios de transportes de São Paulo:
— A tarifa zero não pode ser algo eleitoreiro, tem que ser gradual, com transparência e planilhas de custo para não sobrecarregar os demais transportes. É um ponto de chegada e não de partida. Nós seguimos defendendo essa bandeira, mas vamos cobrar que ela feita com planejamento.
A fala de Boulos é uma reação ao anúncio feito por Nunes na manhã desta quinta-feira. O prefeito afirmou que a tarifa zero deve ser adotada aos domingos ou no período noturno a partir do ano que vem.
— A gente está pensando em iniciar um processo para sentir como vai ser o comportamento e se a tarifa zero vai trazer um ganho para a economia. A ideia é dar o transporte gratuito para domingo ou para o período noturno. Estou conversando com o relator da lei orçamentária na Câmara (Municipal), a gente deve definir isso na semana que vem — disse a jornalistas.
De acordo com ele, o custo giraria em torno de R$ 400 a R$ 500 milhões. O valor seria um adicional dos R$ 5 bilhões de subsídio que a prefeitura já pretende pagar para as concessionárias de ônibus no próximo ano. Atualmente, o transporte municipal na capital paulista custa R$ 10 bilhões: metade deste valor é pago por usuários, enquanto a prefeitura subsidia o restante.

