Caiado: "Atitudes provocativas de Lula não representam povo brasileiro"
Governador de Goiás e pré-candidato ao Planalto lançou em evento em SP o Fundo Creditório do Estado de Goiás, com R$ 628 milhões em apoio a empresas exportadoras goianas, impactadas pelo tarifaço americano
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), criticou nesta terça-feira em São Paulo a postura do governo federal em relação à tarifa de 50% anunciada pelo presidente americano Donald Trump contra produtos brasileiros, que entra em vigor nesta quarta-feira. Segundo Caiado, que é pré-candidato ao Palácio do Planalto, “atitudes provocativas” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prejudicam a negociação com os Estados Unidos e confrontar a maior potência global é uma "balela".
— (Com) essas atitudes provocativas, ele faz questão de reafirmar essa posição de querer cada vez mais confrontar os americanos, e sem ter a menor credencial, porque realmente não fala em nome da maioria do povo brasileiro. O que nós queremos é pacificar, construir algo para ampliar nosso mercado, não restringir. Sempre fui contra o tarifaço, mas é lógico que (a solução) não é com essa balela de ficar querendo confrontar os EUA, e sim buscando o diálogo para que haja um equilíbrio e que a gente resgate aquele valor anterior de (taxas de) 10%, como havia sido definido, e não mais 40% — afirmou o governador.
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O governo de Goiás lançou nesta terça-feira na capital paulista o Fundo Creditório do Estado de Goiás, programa de crédito que prevê até R$ 628 milhões em apoio a empresas exportadoras goianas, impactadas pela tarifa americana. Goiás está entre os estados mais afetados.
O programa dará prioridade a setores estratégicos, como linhas de transmissão de energia elétrica, data centers, biogás e biometano. Do valor total previsto, R$ 314 milhões virão de créditos de Imposto sobre Circulação de Bens e Serviços (ICMS), e os outros R$ 314 milhões serão aportes de instituições do mercado financeiro interessadas no fundo. A taxa de juros será de 10% ao ano, na média.
Medidas preventivas
A criação do fundo faz parte de um pacote de medidas preventivas anunciado em julho pelo governador para mitigar os efeitos econômicos da nova tarifa americana.
Também integram esse pacote o Fundo de Equalização para o Empreendedor (Fundeq), ligado à Goiás Fomento, banco de desenvolvimento estadual. Inicialmente voltado a pequenas e médias empresas, o Fundeq foi ampliado em razão da crise com os EUA. Outra iniciativa é o Fundo de Estabilização Econômica do Estado de Goiás, uma reserva criada para ser utilizada em momentos de instabilidade, garantindo a continuidade de serviços essenciais.
Segundo o secretário-geral do governo, Adriano Rocha Lima, o estado já tem R$ 4 bilhões depositados no fundo de estabilização, o equivalente a 1,2% do PIB goiano, destinados justamente a enfrentar choques econômicos.
A proposta do novo programa é aproveitar créditos de ICMS hoje depositados em contas vinculadas à Secretaria da Fazenda. Esses valores não são corrigidos e só poderiam ser sacados a partir de 2032. A ideia do governo é permitir que os detentores desses créditos possam comercializá-los com empresas interessadas em utilizá-los agora.
— É um dinheiro que perde valor ao longo do tempo. Em função disso, qual é a ideia desse fundo? É usar o crédito em prol de áreas que desenvolverão o estado. E o estado não vai depositar o recurso no fundo, não há transferência de recurso público. O estado dá o direito ao detentor desse crédito de comercializá-lo com quem possa utilizá-lo, pois uma empresa que exporta não tem mais onde utilizar, sempre se utiliza dentro da cadeia — afirmou Caiado.
Empresas exportadoras que forem detentoras dos créditos e também tomarem o empréstimo terão acesso a taxas de juros mais baixas. Já aquelas que apenas tomarem crédito, sem ICMS a recuperar, também terão acesso a condições favoráveis, ainda que com juros mais altos, mas inferiores aos praticados no mercado.

