Diretor da PF diz que grandes operações serão "dificultadas" se PL de Derrite for aprovado
Andrei Rodrigues criticou o teor da proposta relatada por secretário licenciado da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo=
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta terça-feira que o projeto de lei Antifacção, escrito pelo deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), coloca em risco a autonomia da instituição e pode "dificultar" grandes investigações.
Ele citou como exemplo as apurações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, a morte do delator do PCC Vinicius Gritzbach e da Carbono Oculto, que descobriu a infiltração do crime no mercado financeiro e no setor de combustíveis.
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De acordo com a última versão do projeto de lei, a PF teria que avisar "autoridades estaduais" sobre procedimentos envolvendo o crime organizado. Isso poderia o comprometer o sigilo de investigações envolvendo policiais, como a dos casos da Marielle e de Gritzbach.
— Entendemos que esse normativo da forma que está redigido limita e suprime competências da polícia Federal. Então isso, em nenhum sentido, é tolerado. Eu tenho o dever de defender a instituição, a sociedade brasileira e defender que as polícias deste país sejam respeitadas. Grandes operações ficarão dificultadas se essa lei for aprovada — afirmou Andrei, em entrevista à Globonews.
O texto de Derrite define que a atuação da PF em investigações sobre facções e milícias deve ocorrer "mediante solicitação fundamentada da autoridade policial estadual ou do Ministério Público estadual" ou "por iniciativa própria, através de comunicação às autoridades estaduais competentes. Andrei considerou esse trecho "inconstitucional", assim como integrantes do Ministério a Justiça.
— Nós, da Polícia Federal. seríamos demandados pelas Polícias Estaduais ou Ministérios Públicos Estaduais para podermos atuar, o que também é, no meu entendimento, flagrantemente inconstitucional — afirmou ele.
Secretário de Segurança Pública no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, Derrite se licenciou no cargo e voltou à Câmara para ser o relator do projeto Antifacção, enviado pelo governo federal ao Congresso. A escolha feita por Motta provocou contrariedade da parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do Ministério da Justiça.

