Seg, 15 de Dezembro

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Eduardo Bolsonaro critica Tarcísio por interlocução com Embaixada dos EUA após tarifaço

Deputado afirmou que não pretenda abrir mão do mandato e é possível que o cassem por excesso de faltas

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) - Foto: Saul Loeb/AFP e Pablo Jacob/Governo de São Paulo

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou nesta segunda-feira o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por tentar estabelecer um diálogo com o governo americano de Donald Trump para reverter a taxação de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Tarcísio foi desrespeitoso ao acionar "o sexto escalão" americano enquanto ele próprio teria acesso à Casa Branca. 

Após flertar com o apoio ao tarifaço de Trump, Tarcísio recuou e passou a estabelecer diálogo com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, por uma saída para a questão econômica. 

Tarcísio também procurou ao menos dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para consultá-los sobre a possibilidade de a Corte autorizar uma viagem de Jair Bolsonaro para negociar com Trump.

Dos Estados Unidos, Eduardo afirmou ao Globo que não pretende abrir mão do próprio mandato e que é possível que ele seja a cassado "por faltas".

—  Faltou inteligência ao Tarcísio nesta negociação, e faltou respeito a mim. Bolsonaro tem um filho nos Estados Unidos, com acesso à Casa Branca, e ele tenta passar por cima disso, dialogando com pessoas do sexto escalão da diplomacia americana, sem nos consultar. É uma clara falta de respeito. E o pior: sem consultar Jair Bolsonaro. Não sabemos a interpretação que os ministros do Supremo podem ter de um pedido para que ele venha aos Estados Unidos — disse Eduardo.

Réu por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro teve seu passaporte apreendido desde fevereiro do ano passado e está impedido de deixar o país. A ação penal na Corte foi apontada por Trump como uma das razões para impor uma taxa de 50% para produtos importados do Brasil. Em carta endereçada ao governo brasileiro, o presidente dos EUA tratou o julgamento como "caça às bruxas".

A proposta de autorizar Bolsonaro a viajar aos EUA para negociar com Trump, entretanto, já havia sido mencionada pelo irmão dele, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em um discurso no Senado na última quinta-feira.

— Se Lula não tem capacidade, poderia pedir ao Alexandre de Moraes (ministro do STF) para devolver o passaporte pro Bolsonaro, que ele vai pra lá e resolve — afirmou Flávio.

Licenciado do próprio mandato desde março, Eduardo diz que não renunciará ao posto, já que o prazo de afastamento se encerra no próximo domingo. Ele diz ser possível perder o mandato por faltas, a exemplo do que aconteceu em abril, quando a Mesa Diretora da Câmara cassou o mandato do deputado Chiquinho Brazão por faltar a sessões plenárias. 

— Eu não abro mão do meu mandato, não vou renunciar. Estou fora do Brasil por um motivo, com propósito, e não vou colaborar com um sistema que quer me prejudicar. Ainda estou debatendo a possibilidade com a minha assessoria, mas é certo que não vou abrir mão do mandato. É possível que cassem por faltas, se for o caso, podem cassar — completou Eduardo.

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