Em nova investida rumo ao Planalto, Zema enfrenta Lula e corta gastos em Minas
Governador emitiu decreto determinando o "contingenciamento de despesas públicas"
Em mais uma tentativa de se cacifar para a corrida presidencial de 2026, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), intensifica os embates com o governo federal.
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Durante a Semana Santa, Zema oficializou um corte de gastos no estado por meio de decreto publicado neste sábado (19).
A medida é interpretada por interlocutores como uma forma de se contrapor à “gastança” atribuída à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nos últimos meses, o governador tem criticado o aumento do número de ministérios e da máquina pública sob o governo Lula.
Além disso, membros da administração mineira responsabilizam o presidente pela necessidade de ajustes fiscais no estado.
Ao Globo, o vice-governador Mateus Simões (Novo) atribuiu o decreto aos vetos de Lula ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).
Segundo o governo de Minas, dois pontos foram especialmente prejudiciais: o veto à contratação de novos empréstimos pelos estados durante o processo de adesão ao programa e a proibição do uso de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) para amortização da dívida.
— O ano estava programado para um desembolso quase R$ 2 bilhões menor do que teremos, em virtude dos vetos do presidente Lula ao Propag. Isso nos obrigou a promover esses ajustes. É uma medida para garantir o equilíbrio fiscal, que é a base da nossa gestão — afirmou Simões.
O vice-governador também disse que os vetos atrasaram a adesão de Minas ao Propag, que agora deve ocorrer apenas no fim do ano.
Segundo ele, o orçamento estadual foi aprovado com base nas condições aprovadas pelo Congresso.
Com as alterações feitas por Lula na sanção, o governo mineiro precisou rever seus planos.
Decreto e discurso de Zema
O decreto publicado neste sábado determina que todos os órgãos e entidades da administração estadual revisem suas programações orçamentárias e, no prazo de dez dias, apresentem sugestões de cortes à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).
A dívida de Minas com a União está em R$ 162,5 bilhões.
O orçamento aprovado pela Assembleia Legislativa já previa um déficit de R$ 8,6 bilhões para 2025.
Com os vetos presidenciais, o governo mineiro estima que esse valor aumentará em R$ 2 bilhões.
Para aliados de Zema, o decreto vai além da resposta ao Propag.
O governador tem sustentado um discurso de austeridade: costuma destacar que reduziu o número de secretarias e não reside na casa oficial do governo — movimentos que tentam contrastar seu estilo com o de Lula.
De olho nas eleições de 2026, a contenção de despesas é vista como parte do plano de Zema para construir uma imagem de gestor responsável.
A medida, segundo aliados, pode ser usada para estabelecer um "paralelo de responsabilidade" entre sua gestão e a do governo federal.

