Sáb, 06 de Dezembro

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Minas Gerais

Em nova investida rumo ao Planalto, Zema enfrenta Lula e corta gastos em Minas

Governador emitiu decreto determinando o "contingenciamento de despesas públicas"

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema oficializou um corte de gastos no estado por meio de decreto publicado neste sábado (19)Governador de Minas Gerais, Romeu Zema oficializou um corte de gastos no estado por meio de decreto publicado neste sábado (19) - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em mais uma tentativa de se cacifar para a corrida presidencial de 2026, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), intensifica os embates com o governo federal.

Durante a Semana Santa, Zema oficializou um corte de gastos no estado por meio de decreto publicado neste sábado (19).

A medida é interpretada por interlocutores como uma forma de se contrapor à “gastança” atribuída à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nos últimos meses, o governador tem criticado o aumento do número de ministérios e da máquina pública sob o governo Lula.

Além disso, membros da administração mineira responsabilizam o presidente pela necessidade de ajustes fiscais no estado.

Ao Globo, o vice-governador Mateus Simões (Novo) atribuiu o decreto aos vetos de Lula ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

Segundo o governo de Minas, dois pontos foram especialmente prejudiciais: o veto à contratação de novos empréstimos pelos estados durante o processo de adesão ao programa e a proibição do uso de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) para amortização da dívida.

— O ano estava programado para um desembolso quase R$ 2 bilhões menor do que teremos, em virtude dos vetos do presidente Lula ao Propag. Isso nos obrigou a promover esses ajustes. É uma medida para garantir o equilíbrio fiscal, que é a base da nossa gestão — afirmou Simões.

O vice-governador também disse que os vetos atrasaram a adesão de Minas ao Propag, que agora deve ocorrer apenas no fim do ano.

Segundo ele, o orçamento estadual foi aprovado com base nas condições aprovadas pelo Congresso.

Com as alterações feitas por Lula na sanção, o governo mineiro precisou rever seus planos.

Decreto e discurso de Zema
O decreto publicado neste sábado determina que todos os órgãos e entidades da administração estadual revisem suas programações orçamentárias e, no prazo de dez dias, apresentem sugestões de cortes à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).

A dívida de Minas com a União está em R$ 162,5 bilhões.

O orçamento aprovado pela Assembleia Legislativa já previa um déficit de R$ 8,6 bilhões para 2025.

Com os vetos presidenciais, o governo mineiro estima que esse valor aumentará em R$ 2 bilhões.

Para aliados de Zema, o decreto vai além da resposta ao Propag.

O governador tem sustentado um discurso de austeridade: costuma destacar que reduziu o número de secretarias e não reside na casa oficial do governo — movimentos que tentam contrastar seu estilo com o de Lula.

De olho nas eleições de 2026, a contenção de despesas é vista como parte do plano de Zema para construir uma imagem de gestor responsável.

A medida, segundo aliados, pode ser usada para estabelecer um "paralelo de responsabilidade" entre sua gestão e a do governo federal.

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