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POLÍTICA

Flávio Bolsonaro nega candidatura 'experimental' e minimiza silêncio de Tarcísio: 'Não vou cobrar'

Senador participou de primeiro ato como pré-candidato em Brasília, neste fim de semana; em entrevista, ressaltou papel do governador no palanque de 2026 em SP

O deputado federal Eduardo Bolsonaro O deputado federal Eduardo Bolsonaro  - Foto: Reprodução/Redes sociais

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a escolha do pai, Jair Bolsonaro, pelo seu nome para concorrer à Presidência da República foi "muito consciente" e cravada, anteriormente, outras quatro vezes.

Em entrevista à Record, o pré-candidato negou que sua candidatura seja experimental e destacou que só vai desistir do pleito caso o pai fique "livre, nas urnas".

— Não tem balão de ensaio. Não tiro meu nome a não ser na condição de justiça com Bolsonaro e com milhões de brasileiros que estão sofrendo — disse Flávio, na entrevista. — Eu que, na verdade, segurei esse tempo todo [a indicação como pré-candidato]. Falava: 'Pai, você tem que ter a convicção do que está fazendo'. Ele disse ter a convicção. O trabalho que eu fiz foi conversar com o máximo de pessoas que pude antes disso se tornar público. Foi da forma que tinha que ser.

Desde sexta-feira, bolsonaristas já ventilavam nas redes sociais que o lançamento de Flávio poderia fazer parte de “uma estratégia” para livrar Bolsonaro da prisão.

A ideia é que o Centrão seja flexível para endossar uma proposta mais ampla de perdão em troca de uma “união da direita” com a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O chefe do Executivo estadual é considerado o postulante mais competitivo para enfrentar Lula, que espera buscar a reeleição.

Na entrevista à Record, Flávio disse que seu nome é "altamente competitivo" e afirmou que pesquisas elaboradas antes da confirmação da pré-candidatura "não valem absolutamente nada". Ele ressaltou que Tarcísio terá um dos papéis mais importantes na disputa pelo Planalto.

— São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil, é o estado com maior importância em questão de PIB, em geração de empregos, é uma potência. O orçamento de São Paulo só fica abaixo do orçamento da União. E o Tarcísio é um craque. Tarcísio é o camisa 10 dessa seleção, desse time que nós temos — afirmou.

Flávio disse, ainda, que a reação de Tarcísio ao saber que o senador havia sido indicado por Jair Bolsonaro foi positiva e minimizou o silêncio adotado pelo governador de São Paulo a este respeito.

— Não vou ficar cobrando do Tarcísio que ele se manifeste publicamente, porque ele já falou por várias, e várias, e várias vezes que o objetivo dele é ser candidato à reeleição no governo de São Paulo — ressaltou.

Primeiro ato
Em seu primeiro ato público após anunciar a pré-candidatura, o senador admitiu que pode não levar o projeto até o fim, mas disse que "tem um preço" para desistir.

— Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho um preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho um preço para não ir até o fim — disse neste domingo após participar de um culto em Brasília.

O senador indicou que o preço a ser pago seria a aprovação da anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado, o que livraria Jair Bolsonaro. O ex-presidente está preso em Brasília após ter sido condenado a 27 anos e três meses de prisão no processo da trama golpista.

Quando perguntado pela imprensa se o perdão aos crimes pela trama golpista seria razão para desistir, Flávio reconheceu: — Está quente, está perto —afirmou— Preço esse eu vou ficar pensando. Hoje, vamos debater na imprensa.

Flávio disse esperar que o projeto da anistia seja pautado nesta semana.

— Espero que os presidentes da Câmara [Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba] e do Senado [Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá] cumpram aquilo que eles prometeram para nós quando eram candidatos ainda, de que pautariam a anistia — afirmou.

Pesquisa Datafolha divulgada no último sábado apontou que só 8% dos eleitores consideram Flávio Bolsonaro o nome que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria apoiar na disputa presidencial de 2026. A preferência permanece concentrada na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, citada por 22%, e no governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), lembrado por 20%.

O senador disse que se reunirá com presidentes de partidos do Centrão na próxima segunda-feira para tratar da sua pré-candidatura.

Ele citou o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, o presidente do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), e o líder do PL no Senado, Rogério Marinho (RN). Na terça-feira, ele afirmou que pretende visitar novamente o ex-presidente, quando deve falar sobre o resultado das conversas.

— Agora é trazer as pessoas certas para o nosso lado. Nesse primeiro momento, vamos conversar, sem compromisso de absolutamente nada, para que todos possamos trocar impressões — pontuou.

Nome preferido do Centrão para uma candidatura ao Palácio do Planalto, Tarcísio de Freitas foi elogiado por Flávio. Como informou O Globo, esses partido tendem a adotar a neutralidade em 2026 se o candidato for o filho de Bolsonaro.

Tarcísio é o "principal cara do time"
Flávio afirmou que o governador de São Paulo é o "principal cara do time":

— A primeira pessoa que eu quis conversar (sobre a pré-candidatura) foi o Tarcísio. E a reação dele foi a reação que eu também teria se fosse o contrário, se fosse o Tarcísio indicado pelo presidente Bolsonaro para disputar as eleições, já que nós não estamos no momento com a possibilidade do Jair Bolsonaro ser o nosso candidato a presidente. Foi muito boa a reação. Um cara que se mostrou de peito aberto para mim — disse Flávio: — O Tarcísio é o principal cara do nosso time hoje.

O senador reiterou que a decisão de se candidatar foi tomada depois de conversas com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está preso, e que aguardava o momento em que o pai se sentiria “confortável” para autorizar o anúncio.

Flávio relatou que Bolsonaro o sondava “há bastante tempo” sobre disputar a Presidência, diante das dificuldades do cenário atual. Segundo ele, o anúncio foi feito após uma reunião familiar na última semana. Agora, disse, o objetivo é atrair aliados e começar a definir o projeto de governo.

Mercado
Neste domingo, o senador ainda minimizou a reação do mercado ao anúncio da sua candidatura. Na sexta-feira, a Bolsa de Valores de São Paulo, que se valorizava pela manhã, passou a cair e, por volta das 15h, registrava queda de quase 2%. O pessimismo do mercado veio após a notícia de que Bolsonaro escolheu o senador como seu candidato à presidência para as eleições de 2026.

Flávio disse que avalia a reação como "natural", mas que houve uma "análise precipitada", pontuando que com a sua pré-candidatura, o país poderá conhecer um "Bolsonaro diferente, mais centrado, que conhece política, conhece Brasília, que vai querer fazer uma pacificação no país".

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