Sáb, 06 de Dezembro

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GOVERNO FEDERAL

Gleisi fala em "sanções com motivação politica" em tarifaço de Trump: "Soberania não se negocia"

Ministra participou de evento com representantes da sociedade civil do Mercosul e da União Europeia

Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações InstitucionaisGleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais - Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

A ministra das Relações Institucionais da Presidência da República, Gleisi Hoffmann, afirmou, nesta terça-feira, que os Estados Unidos atuam contra o Brasil com motivação política, ao anunciarem uma sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros, que entrará em vigor na sexta-feira, dia 1º de agosto. Sem citar nomes, a ministra se referia à carta do presidente Donald Trump, que citava o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Judiciário brasileiro.

— O Brasil está sendo ameaçado por parte do governo dos EUA com medidas unilaterais no campo comercial, que não se justificam sob qualquer argumento objetivo. Ao contrário, trata-se de verdadeiras sanções com motivação política explícita e igualmente injustificável — afirmou, ao abrir um evento com a participação de representantes da sociedade civil do Mercosul e da União Europeia (UE), no Itamaraty.

Gleisi afirmou que o presidente Lula segue buscando o diálogo no campo comercial e já expressou seu repúdio "às sanções agressivas contra autoridades constituídas de nosso país". Ela se referia à suspensão dos vistos de vários ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo Alexandre de Moraes, pelos EUA.

— Os crimes contra a democracia cometidos no Brasil serão processados e julgados conforme nossa Constituição, que garante o devido processo legal no estado democrático de direito. A soberania não se negocia — ressaltou.

O governo brasileiro tenta reabrir uma canal de diálogo, sem sucesso . O chanceler Mauro Vieira está em Nova York, aguardando um sinal da Casa Branca para um contato de algo nível com os EUA. Mas interlocutores afirmam que isso não deve acontecer nesta terça-feira, porque os principais integrantes da comitiva de Trump estão saindo da Escócia a caminho dos EUA.

Em outra frente, um grupo de senadores brasileiros estão em Washington para tentarem destravar as negociações. A expectativa é que eles conversem com parlamentares e empresários americanos.

A ministra enfatizou que o governo brasileiro jamais se recusou a negociar um acordo com os EUA. Ela reiterou a posição do Brasil de não aceitar interferência de outro país em assuntos internos.

— Nunca nos recusamos a negociar em termos justos e equilibrados com nossos parceiros comerciais, e os companheiros da União Europeia sabem disso. Mas não podemos aceitar – nenhum país soberano pode aceitar – ingerência externa nos processos e decisões do seu Poder Judiciário, do Congresso Nacional ou de qualquer outra instituição.

Gleisi disse que o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, que poderá ser assinado até o fim deste ano, representa uma oportunidade estratégica de cooperação, crescimento e desenvolvimentos compartilhados. Também vai melhorar o diálogo intercontinental.

-- Trata-se de uma iniciativa que ultrapassa os interesses comerciais: é também um compromisso político com valores democráticos, com padrões sustentáveis de produção e com a integração de regiões que historicamente mantêm laços de amizade e de colaboração.

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