Seg, 08 de Dezembro

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Antifacção

Governo chama relatório de Derrite de "Projeto Anti-Investigação" em campanha nas redes

Publicação integra ofensiva do governo para convencer o presidente da Câmara, Hugo Motta, a retomar dispositivos sugeridos pelo Ministério da Justiça no texto original do projeto

Vídeo produzido pela Secom contrário as alterações de Guilherme Derrite no projeto Antifacção Vídeo produzido pela Secom contrário as alterações de Guilherme Derrite no projeto Antifacção  - Foto: Reprodução

O Palácio do Planalto chamou o relatório do deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) com alterações no projeto Antifacção de "PL Anti-Investigação" em um vídeo publicado nas redes oficiais do governo.

O material produzido pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), comandada por Sidônio Palmeira, faz um alerta sobre as mudanças propostas por Derrite e aponta que a Polícia Federal perderá poder de investigação que se o texto for aprovado no Congresso.

A publicação integra uma ofensiva do governo para convencer o presidente da Câmara, Hugo Motta, a retomar dispositivos sugeridos pelo Ministério da Justiça no texto original do projeto. 

"O Plano Antifacção não pode virar o PL Anti-Investigação", diz o vídeo de 52 segundos. O Planalto passou a adotar o tom de que as mudanças beneficiam a ação de organizações criminosas no Brasil e ferem a soberania nacional, representando, na prática, um segundo tarifaço ao Brasil.

"O novo texto propôs que a Polícia Federal só pudesse agir contra facções criminosas quando fosse provocada por governadores, na prática, isso significa limitar a ação da PF logo quando o crime se espalha por todo país", afirma. "A quem interessa impedir a PF de agir? A quem interessa dificultar o combate às facções?", finaliza a publicação.

O entorno do presidente afirma que quer ganhar o embate contra Derrite convencendo a opinião pública de que as mudanças feitas pelo secretário licenciado de segurança de São Paulo beneficiam criminosos, prejudicam a ação da Polícia Federal e podem afetar a economia do país. Desde ontem, ministros de Lula já vinham apontando que as mudanças de Derrite são uma espécie de "blindagem a bandidos".

— É um salvo-conduto às organizações criminosas, vai se tornar uma lei da blindagem, da bandidagem — disse Gleisi Hoffmann em entrevista à Globo News na segunda-feira.

Três pontos em especial preocupam o governo e são considerados inegociáveis pela gestão petista:

O que o equipara crimes cometidos por facções com o terrorismo. O texto de Derrite não classifica as facções formalmente como terroristas, mas determina que suas práticas armadas e de domínio territorial recebam tratamento penal equivalente ao terrorismo, com penas de 20 a 40 anos. A mudança afasta grandes fundos de investimentos internacionais que tem regras de compliance que vedam relacionamento empresas que tenham qualquer relacionamento, ainda que indireto, com organizações terroristas.

O segundo é o que tira a Polícia Federal da investigação de organizações criminosas nos estados e exige autorização do governador para que a PF atue. Na prática, a medida enfraquece o poder da PF e dá mais poder as polícias estaduais.

O terceiro diz a criação tipo penal “organização criminosa qualificada”, com pena de 8 a 15 anos de prisão para grupos que tentem controlar territórios e atividades econômicas, via “violência e ameaça”.

O objetivo é enquadrar penalmente facções e milícias, o que é considerado a espinha dorsal do projeto. Esse item foi retirado por Derrite. Esse ponto também prevê como crime, ainda que com pena reduzida, a participação de pessoas em facções, mesmo que o integrante não se dedique à liderança, à promoção ou ao financiamento da organização criminosa.

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