Itamaraty vê fala de Trump sobre conversa com Lula como "gesto importante"
O presidente americano declarou que Lula pode falar com ele "quando quiser"
A declaração feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta sexta-feira (1º), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode falar com ele "quando quiser", foi considerada um gesto importante pela área diplomática do governo brasileiro.
A avaliação é que, embora a atitude de Trump tenha sido animadora em um momento de paralisia nas relações bilaterais, é preciso ver se haverá avanço em uma negociação sobre tarifas.
Trump disse que ama o povo brasileiro, mas afirmou que as pessoas que governam o Brasil "fizeram coisa errada". Ao ser perguntado se conversaria com Lula, o mandatário americano respondeu:
— Ele (Lula) pode falar comigo quando quiser.
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Para interlocutores da área diplomática, o caminho para que ocorra, pela primeira vez, uma conversa entre os dois presidentes, pode ter sido aberto após o encontro na última quinta-feira, em Washington, entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio. Foi a primeira reunião entre os chefes da diplomacia dos respectivos países desde a posse de Trump, em janeiro deste ano.
De acordo com integrantes do governo brasileiro, um telefonema entre presidentes requer preparação prévia. Além dos temas relacionados à crise entre Brasil e EUA, existe a preocupação com a forma como Lula será tratado por Trump. O presidente americano desrespeitou líderes como os presidentes da Ucrânia e da África do Sul, Volodymyr Zelensky e Cyril Ramaphosa, em encontros na Casa Branca.
Assim que venceu a eleição, no fim do ano passado, Trump ignorou uma carta de Lula, felicitando-o pela vitória. Rubio também não respondeu a uma mensagem de Vieira, parabenizando-o por ter assumido o comando da Secretaria de Estado.
Com o encontro entre Vieira e Rubio, que poderia consolidar a reabertura dos canais diplomáticos. Isso ajudaria em uma negociação comercial que preservasse as exportações brasileiras de uma elevada sobretaxa de 50%, prevista para entrar em vigor no próximo dia 6.
O governo brasileiro está empenhado em convencer a Casa Branca a não misturar uma questão comercial com a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump deixou claro que quer que o processo contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) seja interrompido e decidiu aplicar sanções contra o ministro da Corte, Alexandre de Moraes. A atitude do presidente dos EUA foi vista como uma interferência em assuntos internos e um desrespeito à soberania nacional.

