Kassab diz que defesa de Eduardo ao tarifaço é 'totalmente inadequada' e um 'erro muito grande'
O presidente do PSD também foi crítico à imposição das sanções Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, mas disse que a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro pode desencadear novas retaliações dos EUA
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, criticou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em prol do tarifaço e contra os interesses brasileiros diante da disputa tarifária com os Estados Unidos. Em entrevista ao Canal Livre, programa da Band exibido ontem à noite, ele afirmou que a postura do parlamentar tem sido "totalmente inadequada". Na ocasião, Kassab também disse que o PSD deve ter candidatura própria à presidência no ano que vem, mas também pode compor com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, caso ele se coloque na disputa.
— Acho que o grande erro do Eduardo Bolsonaro tem sido se colocar em solidariedade ao tarifaço. Isso para um brasileiro e para um deputado federal é totalmente inadequado — disse. — Na hora em que ele não se alinha àqueles que defendem os interesses do Brasil, é um erro muito grande.
Kassab também foi crítico à imposição da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras autoridades brasileiras. Durante a entrevista, ele classificou o uso da lei como "inadequado" e disse que ela seria "uma arma muito poderosa que não foi feita para isso". Questionado sobre a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele afirmou que a determinação poderia causar novas retaliações americanas.
Leia também
• Kassab: Tarcísio pode ser o único nome de centro-direita para as eleições presidenciais
• Kassab diz que há 'vírgulas' na política que não justificam tornozeleira em Bolsonaro
• Em busca de aproximação com PSD, Lula almoça com Kassab, ministros e líderes da legenda
— O principal assistente do secretário de Estado americano fez chegar, através da embaixada americana, um comunicado em que ele faz ameaças grandes e graves. Eu tenho receio e acho que todo o brasileiro deverá ter porque foi feita uma ameaça — disse.
Kassab fez referência a uma publicação feita pela embaixada brasileira que replicava uma mensagem postada pelo subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau. No post, o auxiliar de Marco Rubbio afirmou que, no Brasil, "um único ministro do STF usurpou o poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros ramos, ou suas famílias, com prisão, encarceramento ou outras penalidades".
A manifestação gerou uma manifestação do Itamaraty, que disse que o posicionamento de Landau traz "falsidades" e configura um "ataque frontal à soberania brasileira". O texto diz ainda que o Brasil não se "curvará a pressões, venham de onde vierem".
PSD em 2026 e composição com Tarcísio
Durante a entrevista, Kassab também comentou sobre possíveis cenários eleitorais para o PSD no ano que vem, frisando que o partido terá candidatura própria em 2026 e deverá se afastar do governo Lula. O dirigente do PSD repetiu que, na legenda, se colocaram à disposição os governadores do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD).
Ao ser perguntado sobre Tarcísio, ele afirmou que a legenda não teria resistências para compor uma chapa junto a ele, mas disse que a decisão de disputar a presidência dependerá de "uma situação muito favorável" para que ele desista de concorrer à reeleição estadual.
— Isso acontecendo, e existe esse movimento, ele será praticamente candidato único na centro-direita, porque ele não vai se apresentar como pré-candidato em uma situação em que existem muitas dúvidas quanto à sua eleição. — Não haverá nenhum problema de compor com Tarcísio caso ele entenda que o melhor para o Brasil e para São Paulo seja sua candidatura.
Já em entrevista ao Globo na semana passada, ao ser perguntado sobre a disputa eleitoral, frisou que o melhor caminho a ser seguido por Tarcísio deveria ser a reeleição.
— A minha impressão é que o Bolsonaro dará prioridade a eles [Eduardo, Flávio e Michelle Bolsonaro] em candidaturas ao Senado e não vai se importar tanto com a corrida presidencial. Por isso, continuo com a minha impressão de que o melhor para o Tarcísio é ser candidato a governador mesmo, para concluir os seus projetos em São Paulo — declarou.

