Marido da deputada Carla Zambelli vai a Israel e tem contas bloqueadas pelo STF
Aginaldo de Oliveira descobriu ter contas bloqueadas ao chegar em Israel; militar era secretário de Segurança e também fez parte da Força Nacional no Governo Bolsonaro
O marido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), coronel Antônio Aginaldo de Oliveira, teve as contas bloqueadas assim que chegou a Israel. O militar, que já foi secretário de Segurança Pública em Caucaia (CE) e comandante da Força Nacional no governo Bolsonaro, descobriu não ter acesso às suas contas ao tentar usar o dinheiro que recebe como policial militar. O bloqueio das contas foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O militar não tem previsão de voltar para o Brasil. De acordo com o advogado Fábio Pagnozzi, que representa Aginaldo e Zambelli, o cliente recebeu a notícia com indignação. Aginaldo foi colocado em um inquérito no STF, que tramita em sigilo.
— O prejuízo é o mesmo para os dois, pois ninguém sobrevive sem dinheiro. Diretamente, estão fechando um cerco em toda a família da deputada — disse Fábio Pagnozzi.
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Antes de ir para Israel, Aginaldo estava em Roma com Carla Zambelli. A deputada estava foragida da Justiça brasileira desde que foi condenada a 10 anos e 8 meses de prisão por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A deputada foi presa na Itália no final de julho, em um apartamento de Roma, onde estava hospedada.
— Várias decisões do ministro são afrontas à constituição e toda legislação brasileira. O ministro dentro do processo de Carla se põe acima das legislações e ignora completamente o Regimento Interno da Câmara dos Deputados — disse o advogado do casal.
O advogado afirma que eles foram informados sobre o bloqueio das contas quando Aginaldo já estava em Israel. Ele também comenta que a ida ao país foi de cunho totalmente religioso. Questionado se a ida de Aginaldo ao país pode influenciar no processo de Carla Zambelli na Itália, o advogado disse não acreditar que isso ocorra:
— Acreditamos que não interfira. A viagem não teve motivação política, então acreditamos que não vá acontecer nada. — disse Fábio Pagnozzi.
Carla Zambelli passa mal em audiência
Presa desde o dia 29 de julho, no complexo penitenciário de Rebbibia, em Roma, a deputada passou hoje por audiência para decidir o seu processo de extradição para o Brasil. Só que a deputada alegou não se sentir bem e precisou de atendimento médico. Com isso, a audiência foi suspensa, e a decisão sobre o processo de extradição deve ser retomada no dia 27 de agosto.
No dia 01, ela passou por audiência de custódia na qual decidiu que continuaria presa na capital italiana. O processo seguiu para a Corte de Apelação, onde a deputada seria ouvida hoje. Caso decida pela extradição na volta da audiência, o processo pode ser contestado na instância máxima do judiciário italiano, a Corte de Cassação. E a palavra final é dada pelo Ministério da Justiça da Itália, que pode aceitar ou negar a extradição da deputada brasileira.
Enquanto isso, o STF decide na próxima sexta-feira (15), se condena Carla Zambelli por porte de arma ilegal e constrangimento por perseguição ao jornalista Luan Araújo. O caso aconteceu às vesperas do segundo turno das eleições de 2022. O processo estava parado por pedido de vista do ministro Nunes Marques. Seis magistrados já votaram pela condenação da deputada a 5 anos e 3 meses de reclusão em regime semiaberto, além da perda do mandato.

