Dom, 07 de Dezembro

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Política

Presidente do União pressiona Sabino a deixar governo, e ala da sigla espera demissão do ministro

Legenda decidiu que nenhum filiado poderá ter cargo no governo

Celso Sabino, Ministro do TurismoCelso Sabino, Ministro do Turismo - Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O presidente do União Brasil, Antonio Rueda, procurou o ministro do Turismo, Celso Sabino, para comunicá-lo da decisão do partido de que seria dado um prazo de 24 horas para ele deixar o cargo ou se desfiliar da legenda. O encontro aconteceu na manhã de quinta-feira, poucas horas antes do partido fazer o anúncio oficial. 

Segundo integrantes da cúpula da legenda, Rueda manifestou ao ministro que ele deveria deixar o cargo no governo. Integrantes da direção nacional do partido dizem que Sabino não conversou com o Palácio do Planalto para tomar uma decisão, mas que, na conversa com o presidente do partido, declarou que seguiria a orientação da legenda. Procurado, o chefe da pasta do Turismo não comentou.

O martelo sobre a saída de Sabino só deverá ser batido após uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que ainda não aconteceu, o que deve ocorrer esta sexta (19).

Hoje o ministro do Turismo é o único integrante da Esplanada que é filiado ao União Brasil. Apesar disso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), indicou os ministros da Integração Nacional, Waldez Góes, e das Comunicações, Frederico Siqueira. 

Os apadrinhados por Alcolumbre não são atingidos por essa decisão. O argumento do partido é que o União Brasil não tem como agir sobre pessoas que não são filiadas.

A pressão pela saída de Sabino não é a primeira crise entre governo e União Brasil. O deputado Juscelino Filho (União-MA) era ministro das Comunicações, mas saiu do cargo em abril após suspeitas de desvios de emendas, o que ele nega. A escolha do substituto passou por idas e vindas. 

O governo chegou a anunciar que o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas (MA), seria o novo ministro, mas a direção nacional da legenda o obrigou a não aceitar o cargo.

Em outro episódio que evidenciou a relação ruim, em reunião ministerial feita em agosto, Lula chegou a falar que não gostava pessoalmente de Rueda.

O União Brasil antecipou o movimento de desembarque do governo e determinou a entrega de cargos de todos os seus filiados em até 24 horas. Anteriormente, o partido tinha definido que entregaria os cargos até o final do mês. 

Uma normativa do partido publicada nesta quinta-feira prevê sanção aos quadros que não pedirem exoneração de seus cargos: haverá abertura de processos disciplinares. 

A decisão de deixar o governo acontece pouco depois da veiculação de notícias que associam Rueda ao crime organizado de São Paulo. De acordo com reportagens publicadas pelo UOL e pelo ICL, aeronaves de Rueda teriam sido usadas pelo PCC. O partido vê influência do governo em vazamentos de operações da Polícia Federal (PF) que miram Rueda.

Aos veículos, Rueda negou ser dono de aviões e repudiou "com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito". Em nota, o União manifestou "solidariedade" ao presidente da legenda:

Com a terceira maior bancada na Câmara, o União já anunciou que fará uma federação com o PP. A sigla possui 59 deputados e 7 senadores, e é peça-chave na governabilidade do governo Lula.

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