Prisão de Bolsonaro pode ser 'gota d'água' para desobediência civil, diz Caiado
Governador de Goiás enfatizou ainda que o União Brasil passará a obstruir pautas do governo na Câmara e no Senado a partir da tarde desta terça-feira
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), afirmou nesta terça- feira (5) que a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) "pode ser a gota d'água e o estopim" de um processo de desobediência civil por conta de decisões monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Caiado, que é candidato ao Planalto em 2026, essas decisões "têm ultrapassado os limites". Exige-se neste momento, seguiu, "que a Suprema Corte volte a ter mais ação plenária" em decisões que, crê, "só estão fazendo aflorar o sentimento de enfrentamento e de mal-estar junto à população brasileira".
— O ministro Alexandre Moraes perdeu, ali, naquele momento, em sua condição de juiz da corte. (Ele teve) muito mais uma posição de atitude de ordem pessoal, de vingança. É muito grave este momento do país, as posições precisam ser muito equilibradas. As coisas precisam acontecer sabendo que o Brasil tem os poderes constituídos. Tem o Executivo, tem o Legislativo, tem, sem dúvida nenhuma, o Judiciário.
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Caiado disse também que “não é cabível o cidadão que não foi condenado a não poder utilizar celular, não poder mais falar, não poder sair”, e chamou a necessidade de uso da tornozeleira por Bolsonaro de “desrespeitosa”.
— Isso tudo não constrói nada na democracia brasileira. Pelo contrário, pode ser a gota d'água de um processo de desobediência civil em relação a essas decisões monocráticas. Isso é muito grave e deve ser revisto.
Caiado veio a São Paulo para o lançamento do Fundo Creditório do Estado de Goiás, programa de crédito que prevê até R$ 628 milhões em apoio a empresas exportadoras goianas, impactadas pela tarifa americana. Goiás está entre os estados mais afetados.
Obstrução nas pautas do governo no Congresso
Na ocasião, o governador enfatizou também que o União Brasil decidiu, nesta madrugada, dar início a um processo de obstrução das pautas do governo na Câmara dos Deputados e no Senado. O partido tem três ministros no governo Lula, Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional, Celso Sabino, do Turismo, e Frederico Siqueira, das Comunicações.
— Essa é uma decisão tomada na madrugada de hoje, depois de várias conversas com colegas e com o presidente do partido. Nós decidimos que, a partir de hoje, o União Brasil entra em obstrução total na pauta, na Câmara e no Senado. Não podemos mais aceitar o que vem acontecendo. Estou aqui falando em nome do União Brasil. A obstrução começa na tarde de hoje – afirmou.

