Saiba quem é Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI que Lula chamou de "mulherzinha"
Em primeira visita ao Brasil, no ano passado, ela inclusive afirmou que país 'tem sido boa notícia para a economia mundial' por superar projeções de crescimento
O presidente Lula (PT) chamou a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, de “mulherzinha” durante o evento de abertura do Encontro Internacional da Indústria da Construção em São Paulo, nesta terça-feira. Ele contou que, em janeiro de 2023, esteve em Hiroshima, no Japão, durante o fórum da cúpula do G7, e relatou que ouviu de Georgieva que “a coisa estava difícil para o Brasil”, que só cresceria 0,8% e aproveitou para criticar as previsões de um crescimento econômico baixo para o país.
— E lá eu encontro com uma mulherzinha, presidente do FMI, diretora-geral do FMI, nem me conhecia. “Presidente Lula, você sabe que a coisa está difícil para o Brasil, que só vai crescer 0,8%”. Eu falei “você nem me conhece, eu não te conheço, como é que você fala isso?”. E a resposta veio no final do ano, o Brasil cresceu 3,2% — disse Lula.
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Georgieva é búlgara e, antes de assumir o FMI, foi diretora-geral do Banco Mundial, entre 2017 e 2019. Ela é doutora em economia e mestre em economia política e sociologia pela Universidade de Economia Nacional e Mundial da Bulgária. Durante sua carreira acadêmica, ela também atuou como pesquisadora visitante na London School of Economics e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Em sua biografia no site do Fundo Monetário Internacional, ela conta que liderou a instituição durante "múltiplos choques globais", como "a pandemia, a guerra e o aumento da inflação". Segundo a descrição, Georgieva tem o mandato "marcado pelo progresso em diversidade, equidade e inclusão, [...] e o aumento da diversidade regional e do equilíbrio de gênero entre a administração e a equipe do FMI".
Antes de ingressar no FMI, Georgieva também foi Comissária para a Cooperação Internacional, Ajuda Humanitária e Resposta a Crises. Em seguida, ocupou o cargo de Vice-Presidente da Comissão Europeia para o Orçamento e Recursos Humanos, pelo qual "supervisionou o orçamento de 161 mil milhões de euros e 33 mil funcionários", bem como "a resposta da UE à crise da dívida da Zona do Euro e à crise dos refugiados de 2015".
"Georgieva começou sua carreira no serviço público no Banco Mundial como economista ambiental em 1993. Depois de ocupar vários cargos de alto escalão, incluindo Diretora de Desenvolvimento Sustentável, Diretora para a Federação Russa, Diretora de Meio Ambiente e Diretora de Meio Ambiente e Desenvolvimento Social para a Região do Leste Asiático e Pacífico, ela foi nomeada Vice-Presidente e Secretária Corporativa em 2008. Nessa função, ela atuou como interlocutora entre a alta administração do Grupo Banco Mundial, seu Conselho de Administração e seus países acionistas", aponta o perfil dela no FMI.
Em 2010, Georgieva foi nomeada "Europeia do Ano" e "Comissária do Ano" pela European Voice (publicação belga), "em reconhecimento à sua liderança na resposta da UE a crises humanitárias". Também foi nomeada, em 2020, para a lista da revista Time entre as 100 pessoas mais influentes do mundo. Naquele mesmo ano ele receberia o Prêmio de Liderança Internacional Distinta do Atlantic Council, em "reconhecimento às suas contribuições excepcionais e distintas ao longo da sua carreira no serviço público".
Mais recentemente, em 2024, também recebeu o Prémio Ugo La Malfa "pela sua contribuição para a cooperação internacional". Nesse mesmo ano, em sua primeira visita ao Brasil, Georgieva inclusive chegou a afirmar que o país “tem sido uma boa notícia para a economia mundial”, por ter superado as projeções de crescimento dos últimos anos, inclusive as do FMI.
Em março deste ano, um grupo de republicanos da Câmara dos Representantes exigiu que os Estados Unidos usassem sua influência para substituir Georgieva, devido à suposta má administração, citando relatos de violações éticas e incapacidade de responsabilizar a China por suas práticas de empréstimo e câmbio.
Reincidência de Lula
Esta não é a primeira vez que o presidente da República se refere a mulheres de forma machista. Em março, por exemplo, disse a parlamentares que tinha escolhido “uma mulher bonita” para comandar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), fazendo referência a Gleisi Hoffmann (PT). Em janeiro, ele falou que “na maioria das vezes, os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres”.
No ano passado, fez uma piada ao falar sobre o aumento dos casos de agressão doméstica em evento no Palácio do Planalto, e disse que “depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem”.
A lista de falas polêmicas do petista desde que retornou à presidência é longa, e Lula já falou para uma mulher, beneficiária do Minha Casa, Minha Vida, que ela deveria "parar de ter filhos", disse que é preciso estudar porque "nenhuma mulher quer namorar com um cara que é ajudante geral" e ficou surpreso ao se dar conta que no Rio Grande do Sul "tem tanta gente negra".

