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GOVERNADOR DE SP

Tarcísio articulou no Supremo por domiciliar de Bolsonaro e vai requerer visita ao ex-presidente

Governador teve pelo menos uma conversa com Gilmar no próprio sábado e argumentou que Bolsonaro não queria fugir

Governador de SP, Tarcísio de FreitasGovernador de SP, Tarcísio de Freitas - Foto: Pablo Jacob/Governo SP

No dia em que Jair Bolsonaro foi preso preventivamente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se movimentou no Supremo Tribunal Federal (STF), no sábado, em favor do ex-presidente, segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. Ele teve pelo menos uma conversa com o ministro Gilmar Mendes. O governador trabalhou para que Bolsonaro voltasse à prisão domiciliar, e argumentou que o ex-presidente não queria fugir.

Tarcísio pretende visitar Bolsonaro no regime fechado nas próximas semanas, segundo aliados. Um encontro entre os dois estava marcado para 10 de dezembro, na casa de Bolsonaro, onde ele estava em prisão domiciliar.

A visita tinha sido autorizada há dez dias pelo ministro Alexandre de Moraes. Com a prisão preventiva, os agendamentos de encontros do ex-presidente com políticos e amigos foram todos suspensos.

Tarcísio vai requerer sua entrada no rol de visitantes na superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Além das condições de saúde de Bolsonaro, um dos temas a ser discutido deve ser a eleição de 2026.

Um aliado do governador afirma que Tarcísio não deve tratar de forma específica sobre seus planos eleitorais, e sim que composições estaduais, regionais e federais precisam ser feitas, e que chegaria a hora de o presidente tomar algumas decisões. Tarcísio é o principal cotado para disputar a eleição presidencial do ano que vem como representante do bolsonarismo, mas, sem aval por enquanto do ex-presidente, tem afirmado publicamente que disputará a reeleição em São Paulo.

Com o cenário da eleição ainda indefinido, Tarcísio deve manter a postura dos últimos três meses, quando passou a declarar publicamente que será candidato à reeleição em São Paulo — ou seja, seguirá “jogando parado” até que a candidatura presidencial da direita seja definida. Aliados veem dois motivos para a manutenção da rota: a prisão de Bolsonaro é muito recente e há o “fator filhos”, que tem grande potencial de causar confusão na direita.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo, deputados aliados do governador afirmam que ele seguirá com os “pés nas duas canoas”, sem definir a rota de 2026, inclusive com medições de pesquisas nacionais diárias. Para um deles, Tarcísio sabe que ainda precisa do aval de Bolsonaro para uma candidatura presidencial, e vê o caminho para a reeleição como “menos custoso” do que uma empreitada nacional.

Situação ‘bizarra’
Logo na manhã de sábado, antes de revelados os detalhes da violação da tornozeleira eletrônica por Jair Bolsonaro, aliados dele procuraram ministros do Supremo para tentar acalmar os ânimos e tentar abrir uma brecha para reverter a ordem de prisão preventiva de Alexandre de Moraes, segundo o blog da coluna de Malu Gaspar, do GLOBO. Nas conversas, eles negaram que o ex-presidente tivesse a intenção ou mesmo condições de fugir.

Nessas conversas, alegaram que o episódio foi uma espécie de surto provocado pelo uso intenso de medicamentos para controlar dor e ansiedade e afirmaram que Bolsonaro estava muito solitário e sem acompanhamento em casa.

Os ministros procurados pelos aliados do ex-presidente não deram pistas sobre se o ajudariam ou não, mas se disseram espantados com a situação, classificada como “bizarra” por um deles, segundo o blog da coluna de Malu Gaspar.

Na segunda-feira, ao chegar a evento do Grupo Voto, em São Paulo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que, ao tentar violar a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda, Bolsonaro agiu em uma “situação extrema” e manteve o discurso de que o ex-presidente é vítima de perseguição política.

"Vejo aquilo como uma situação extrema ali pelo que ele está vivendo. Mas que, hora alguma, e nós temos que deixar claro isso, ele tentou fugir. Até me parece um excesso. Você está em prisão domiciliar com pessoas vigiando a sua casa e ainda tem de colocar uma tornozeleira eletrônica", disse o governador, que tenta se cacifar para disputar a eleição presidencial do ano que vem.

Antes do episódio da tornozeleira, a expectativa no entorno de Bolsonaro era a de que Moraes decidiria entre hoje e quinta-feira mandá-lo para a prisão para o início do cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão por articular um golpe de Estado para se manter no poder, após ser derrotado nas eleições de 2022.

Mas o comportamento de Bolsonaro no último fim de semana, quando confirmou a policiais penais ter mexido na tornozeleira em plena madrugada, levou Moraes a mudar os planos, ver risco de fuga e determinar sua prisão preventiva na superintendência da Polícia Federal em Brasília.

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