Trama golpista: Ex-AGU diz ao STF que avisou a Bolsonaro que não houve irregularidades nas eleições
Bruno Bianco foi indicado como testemunha de defesa de Anderson Torres em ação penal
Ouvido como testemunha de defesa de Anderson Torres na investigação da trama golpista, o ex-advogado-geral da União Bruno Bianco prestou depoimento nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) e relatou ter avisado o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a lisura das eleições de 2022.
Bianco narrou uma reunião ocorrida após o pleito — que terminou com a derrota de Bolsonaro — em que o então presidente teria questionado o auxiliar a respeito de possíveis irregularidades jurídicas na eleição.
— O presidente da República foi mais específico sobre como havia ocorrido o pleito eleitoral e se eu havia visto algum tipo de problema jurídico e eu de pronto respondi que não. Eu disse que o pleito eleitoral, na minha ótica, tinha corrido de maneira totalmente correta e legal, sem nenhum tipo de problema jurídico — afirmou o ex-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU).
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O ex-advogado-geral da União respondeu a uma pergunta feita pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, a respeito de questionamentos feitos por Bolsonaro sobre a possibilidade jurídica de reverter o resultado das urnas.
Segundo Bianco, o ex-presidente perguntou se havia algum problema nas eleições que poderia ser questionado, e que sua resposta foi novamente negativa.
— Eu disse que não tinha, absolutamente não. Disse que tinha uma comissão para acompanhar e que a eleição foi absolutamente transparente. Essas foram as minhas ponderações e o presidente da República, pelo menos na minha frente, se deu por satisfeito — disse.
Essa reunião já havia sido relatada pelo ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior em depoimento à Polícia Federal (PF). Segundo ele, o encontro ocorreu no dia 1º de novembro, momentos antes de Bolsonaro se pronunciar sobre o resultado da eleição.
Baptista Junior afirmou que também estavam presentes, além dele e Bianco, o ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Almir Garnier (Marinha) e que eles expuseram a Bolsonaro "que não tinha ocorrido fraudes nas eleições".
"Que Jair Bolsonaro perguntou ao então AGU se haveria algum ato que se poderia fazer contra o resultado das eleições; que Bruno Bianco expôs que as eleições transcorreram de forma legal, dentro dos aspectos jurídicos; que não haveria alternativa jurídica para contestar o resultado das eleições", diz a transcrição do depoimento.

