"A viagem": saiba o que é ou não real segundo a doutrina espírita
Novela reprisada no Vale a Pena Ver de Novo foi um dos maiores sucessos da TV Globo
Um dos maiores sucessos da TV Globo, “ A viagem” (1994) está sendo reexibida nas tardes da emissora, no Vale a Pena Ver de Novo. Criada por Ivani Ribeiro, a novela é inspirada na filosofia de Allan Kardec, o codificador do espiritismo, e aborda a vida após a morte.
Na trama, personagens como o temido Alexandre (Guilherme Fontes) e o casal apaixonado Otávio (Antonio Fagundes) e Diná (Christiane Torloni) morrem e passam a influenciar, de diferentes formas, a vida dos que continuam no plano terreno.
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Caracterizado sempre com roupas escuras, Alexandre, depois de seu suicídio, é encaminhado ao Vale dos Suicidas, de onde se dedica a tentar prejudicar a vida de Raul (Miguel Falabella), Téo (Maurício Mattar) e do próprio Otávio — pessoas que ele acredita terem lhe prejudicado em vida.
“Os espíritos que ficam vagando por aqui são, na verdade, almas que deixaram assuntos importantes mal resolvidos, especialmente de ordem emocional e sentimental. Eles permanecem presos à matéria porque ainda estão muito apegados às coisas do mundo físico. Muitos nem percebem que já desencarnaram”, explicou Sula Gallão, especialista na doutrina espírita, em entrevista à CNN.
Assim, de acordo com o espiritismo, uma pessoa como Alexandre, que busca vingança a todo custo, poderia, sim, continuar influenciando em certa medida a vida terrena.
Já com espíritos que não são identificados com o mal, a história pode ser um pouco diferente.
“Os bons espíritos se aproximam de nós, especialmente quando nossa vibração está elevada. Eles vêm para nos acolher, ajudar e aconselhar”, afirmou Gallão.
A novela conta ainda com cenas em que são retratados rituais como a mesa branca, em que poderia haver comunicação com espíritos. Neste caso, os participantes aparecem sentados ao redor da mesa e realizam orações durante a sessão mediúnica.
Em uma delas, o próprio Alexandre aparece. “Os espíritos realmente se manifestam por meio dos médiuns. Alguns médiuns possuem a capacidade específica de ver os espíritos”, contextualizou a estudiosa à CNN.
“Além do médium que recebe diretamente a comunicação, outros membros do grupo mediúnico também podem perceber a presença espiritual. Não são todos, mas muitos conseguem enxergar ou sentir o espírito durante a manifestação.”
Gallão ainda afirma que o céu como foi representado em “A viagem” não condiz com o que diz a doutrina exatamente. “A ideia de céu e inferno como locais físicos, como retratada em ‘A viagem’, nos livros ou filmes, é uma romantização necessária para que a mente humana consiga compreender o que encontrará ao deixar o corpo físico”, disse ela.
Ela afirmou, entretanto, que existem colônias (não permanentes) que se assemelham de alguma maneira ao plano físico, que existem para que o espírito se acostume à nova dimensão.
No caso do inferno, praticamente a mesma coisa. “Céu e inferno são estados da alma”, disse. “Essa representação é necessária para termos uma noção do que ocorre.”

