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ARQUITETURA

Arquiteta Ceça Moura Sales compila memórias em livro lançado nesta quarta (23) em Boa Viagem

Arquiteta pernambucana recebeu familiares, amigos e admiradores de sua trajetória, em noite de autógrafos na Galeria Marco Zero

Ceça Moura Sales lançou o livro em noite de autógrafos na Galeria Marco Zero, em Boa ViagemCeça Moura Sales lançou o livro em noite de autógrafos na Galeria Marco Zero, em Boa Viagem - Foto: Paullo Almeida/Folha de Pernambuco

Desde as primeiras linhas, é manifesto o intuito afetivo da arquiteta pernambucana Ceça Moura Sales, ao decidir seguir em frente com o presente que recebeu das filhas há um ano, em seu aniversário. Um cartão e uma espécie de pedido: “Mãe, isso vale um livro”.

A partir de então, uma compilação de memórias de vida (e de obra) começou a ocupar as quase 200 páginas da publicação - que tem coordenação editorial e edição de Diogo Guedes e Gianni Gianni, pela Boneca Lab - e traz no título o nome da autora, com lançamento nesta quarta-feira (23) em uma noite de autógrafos para amigos e familiares realizada na Galeria Marco Zero, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

 

“Foi uma coisa que me assustou, fazer um livro para falar de minha arquitetura (...) O projeto começou a evoluir e eu decidi ao longo desses meses de trabalho que o livro ia ter projetos da família. Seria um livro que viria com amor, histórias de amor.

E não é minha arquitetura que tá valendo nele, mas os relacionamentos e com um elemento a mais, com a assinatura da minha família”,
contou Ceça, emocionada e assumidamente assustada com o sucesso das páginas que já circulavam em dezenas de mãos presentes à noite do lançamento. 

“Fiz poucos exemplares, achando que era só para a família, de repente estou assustada e nem sei se tenho livros para esses amigos todos”, complementa ela, ao percorrer os olhos pelo ambiente tomado por admiradores.

Início de tudo
Recém-formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), aos 24 anos, Ceça recebeu de sua mãe, Conceição Moura, a missão de projetar uma casa em Belo Jardim, no Agreste pernambucano, para ela e para Edson, o pai da arquiteta.

E é exatamente essa obra que junto a tantas outras que constam no livro, que a autora ressalta como uma das mais marcantes de sua trajetória. 
 

Ceça Moura Sales lançou o livro em noite de autógrafos nesta quarta (23), na Galeria Marco Zero, em Boa ViagemCrédito: Paullo Almeida/Folha de Pernambuco

“Foi o meu primeiro projeto, para minha mãe, hoje falecida. Isso há uns quarenta anos, na casa que usávamos em Belo Jardim. O valor afetivo de tudo surgiu a partir daí”, enaltece Ceça que cita ainda, com carinho, um projeto de uma casa em Toquinho, Litoral Sul do Estado, também pensada para os pais. “Quem ler o livro vai perceber, vai sentir o que é o amor”, finaliza.

“Uma artista do fazer”
“Dessa vez, não gostaria de escrever apenas uma carta de amor para minha mãe. Já escrevi algumas e recebi outras tantas. Aqui, quero falar sobre o meu amor e encanto pela sua arquitetura”.

É dessa forma que Mariana, uma das filhas e responsáveis pelo “presente de aniversário” que culminou no livro, inicia suas letras na obra - que tem em suas primeiras páginas descrições sobre quem é Ceça Moura Sales.

Com o subtítulo “Artista do Fazer”, Mariana discorre acerca de sua mãe como uma profissional da arquitetura que preza pela “observação da natureza: de onde nasce o sol, onde ele se põe, do movimento dos ventos”. Fato que justifica as casas assinadas por Ceça, “sempre voltadas para o nascente”.

Já a outra filha, Ana Helena Moura Sales, a “Aninha”, como carinhosamente foi chamada por Ceça, inicia suas palavras no livro denominando a própria genitora de “casa”. “Minha mãe é casa. É telhado que protege da chuva, janela que abre para o sol, é acolhimento e afeto”.

Assim, ela confirma, tal qual assegurou Ceça, que as páginas iniciais da obra deixam em evidência a afetuosidade como essência dos projetos compilados no livro.

E entre as tantas imagens que remetem às memórias da autora, vale ressaltar a chamada Casa do Bosque dos Sapotis ou “a casa de Belo Jardim” citada nas linhas acima.
 

Ceça Moura Sales lançou o livro em noite de autógrafos nesta quarta (23), na Galeria Marco Zero, em Boa ViagemCrédito: Paullo Almeida/Folha de Pernambuco

Descrita como “o lar da infância de Ceça, de estilo modernista, com brises, móveis rústicos e uma concepção singular do espaço arquitetônico”, o espaço “exala história e personalidade”. E como a própria arquiteta conta no livro, é dessa casa as suas primeiras memórias sobre um ambiente de arquitetura. 

Discreta e com clara modéstia, Ceça segue tomada por emoções diversas mescladas por alegrias, mas também por dúvidas e medos.

É quando ela questiona, ainda no livro, sobre o seu trabalho que, decerto, para o leitor, família e amigos não deixa incertezas sobre sua destreza como arquiteta.

“Este livro foi um presente das minhas filhas, Mariana e Aninha. No início, uma mistura de emoções: alegria, dúvidas, medo. Será que sou mesmo a arquiteta que elas veem?".

 

 

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